SUGESTÕES

Empresários vão entregar novo plano para agilizar reabertura da economia em Pernambuco

O setor produtivo achou muito lenta e até confuso o plano de convivência com a covid-19 apresentado na segunda-feira (1º)

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Publicado em 03/06/2020 às 7:19
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RUA Promoção "patriótica" não tem alcance local. "Só os grandes podem trocar preço por volume", diz economista - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Insatisfeito com a proposta de reabertura da economia no Estado, um grupo de 20 representantes de diversos setores vai entregar ao governo um novo pacote de sugestões. De forma geral, o setor produtivo achou muito lenta e até confuso o plano de convivência com a covid-19 apresentado na segunda (1º).

“O governo tem que ser mais realista. O remédio está muito forte para as empresas, daqui pra frente é desemprego, porque vai acabar a suspensão de contrato de trabalho. São 7 milhões de empregos sustentados pelo governo federal”, observa o presidente da Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio-PE), Bernardo Peixoto, que falou ao Balanço de Notícias, da Rádio Jornal.

O grupo – que reúne empresários dos setores da indústria, bares, shoppings, hotéis, serviços –, chamado de Movimento Pró-Pernambuco, vai tentar sentar novamente com o governo para pressionar por mudanças no cronograma de retomada. “Vínhamos negociando com o secretário Bruno Schwambach (Desenvolvimento Econômico) e fomos surpreendidos. O governo negocia, e quando chega na hora não acata nenhuma sugestão. O setor de construção está revoltado”, afirmou.

Construção civil

O horário de retomada para a construção civil, no próximo dia 8, prevê que os trabalhos comecem às 9h e sejam finalizados às 18h. O expediente normal do setor é de 7h às 17h. Além disso, o governo só autorizou a retomada de 50% da força de trabalho do segmento na primeira semana de retorno. “Falta clareza nos detalhes. Não há um decreto, nada oficial. A gente está discutindo um power point com diversas dúvidas. 50% da força de trabalho a partir do dia 8. Não é simples. Numa obra não tem gente sobrando, todos têm uma função. E qual o critério de 50%? Leva em conta o último registro do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), o último dia de trabalho? E quem começa uma obra nova? Está mal explicado e vale apenas para uma semana. Na segunda semana já pode usar 100%. Esse efetivo vai fazer diferença? Criar uma complicação para não ter fiscalização. Não tem critério”, criticou o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Gildo Vilaça.

Outro ponto que irritou o setor é o horário de saída dos operários, às 18h, auge do pico no trânsito, quando o horário tradicional do setor é 17h. “Conversamos com o governo e depois não teve aviso ou resposta. Fomos surpreendidos pelo power point. Não há uma explicação para largar o trabalhador às 18h, no pico do rush”, disse Vilaça.

Uma das ideias dos empresários tem a ver com o transporte público. Uma sugestão é criar subsídios para quem optar pelo transporte fora do horário de pico, além de criar uma abertura escalonada para a indústria, começando às 6h, atacado à noite, comércio às 10h, shoppings ao meio dia. “Dessa forma diluiria as pessoas no transporte público”, diz Peixoto, lembrando que essas sugestões já haviam sido apresentadas.

Ele lembra de outros setores que foram liberados pelo governo, como o de hotéis, mas que continuam sendo prejudicado pelas regras. “Liberou hotel, mas o que atrai é praia, e ninguém pode ir. É preciso uma equação, estudo”, disse o presidente da Fecomércio.

Peixoto reforça que é importante a volta da economia porque Pernambuco é o Estado do Nordeste com o maior nível de desemprego: 14,5%. “A tendência é piorar”, disse. Segundo o dirigente, para o comércio, o cronograma do governo é decepcionante. “Vamos abrir em 11 semanas, o comércio varejista do centro, que já está fechado há mais de 2 meses. Será o último a abrir, em agosto. Nenhuma empresa aguenta ficar 5 meses fechada.”

Ricardo Essinger, presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), destaca a teia de conexões que envolvem a economia, importante até mesmo para a indústria de transformação, que não teve as atividades paralisadas. “Foi um programa em que faltou contato com os setores produtivos”, disse. “A indústria não é autônoma, é parte de início de uma cadeia produtiva. No caso da construção civil, temos 11 ramos de negócios dependentes: móveis, madeira, pedras, gesso, cimento, metal mecânico, plástico. É uma cadeia grande. O Araripe (polo gesseiro) está com 80% das indústrias com dificuldades, vende apenas 20% para os pequenos clientes.”

O Estado prometeu se pronunciar nesta quarta-feira (3) sobre as reclamações.

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