ENERGIA

Celpe tem prejuízo de R$ 4 milhões no 2º trimestre de 2020

Para recuperar perdas em função da pandemia, a companhia já conta com um empréstimo de R$ 454 milhões da conta-covid

Lucas Moraes
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Publicado em 22/07/2020 às 19:57 | Atualizado em 22/07/2020 às 19:57
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CELPE - FOTO: Foto: Divulgação

A redução na demanda do consumo de energia e a piora da capacidade de pagamento dos clientes são os principais fatores elencados pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) para justificar um prejuízo de - R$ 4 milhões no segundo trimestre de 2020. Comparado ao mesmo período do ano passado, o lucro líquido da companhia teve uma variação negativa de 109%, caindo dos R$ 43 milhões até o referido prejuízo. No semestre, a Celpe já acumula uma redução de 57% do lucro, chegando a R$ 35 milhões, vide o resultado dos primeiros seis meses de 2019.

O aumento da inadimplência e seu prolongamento preocupam a Celpe. Só nos últimos três meses, as Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa, ou seja, o saldo do que a companhia tem a receber, cresceram 242%, saltando dos R$ 24 milhões para R$ 82 milhões. Desse total, R$ 48 milhões são atribuídos à pandemia da covid-19, representando contas a receber vencidas.

“Os mercados estão se recompondo mais rapidamente do que a situação da adimplência dos consumidores”, avaliou o presidente da Neoenergia (grupo ao qual pertence a Celpe), Mario Ruiz-Tagle, ao apresentar os números.

Além da inadimplência, a frustração da demanda gerou uma redução de -7,89% da energia injetada nos últimos três meses, se levado em conta o resultado do mesmo trimestre do ano passado. De abril a junho de 2019, foram injetados 4.308 GWh. Este ano, para os mesmos três meses foram 3.968 GWh. Só no mercado cativo, a redução foi de 9%.

O EBITDA (lucro antes de juros e impostos) da Celpe caiu 48%. Ao fim do último trimestre chegava a R$ 106 milhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, o resultado representa uma redução de R$ 97 milhões, dos quais R$ 67 milhões foram devido à covid-19, segundo a empresa.

O único contraponto, enquanto os segmentos industrial e comercial reduziram a demanda energética, foi o crescimento do consumo residencial. Houve maior demanda por energia nesse nicho, e a companhia teve acréscimo no número de clientes (3,782 milhões). O aumento da base foi considerada importante para amenizar as perdas, mas a capacidade de pagamento dos consumidores, no entanto, ainda está fragilizada. As perdas de créditos esperadas dos saldos vencidos até 90 dias cresceram 85% entre dezembro de 2019 e o último mês de junho.

Medidas para recuperação

Para tentar mitigar os resultados negativos, a Celpe diz ter adotado “novos canais de arrecadação” e “flexibilizado as condições de negociação”. As despesas operacionais também foram reduzidas, de R$ 173 milhões para R$ 146 milhões ( -16% no comparativo entre os segundos trimestres de 2019 e 2020).
Mesmo assim, na avaliação da professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) e especialista em Controladoria e Auditoria Maristela Moura será preciso ainda mais.

“Se compararmos a situação do primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano, a gente vê que a situação não é tão boa e vem piorando. O lucro líquido saiu de R$ 81 milhões para R$ 35 milhões entre os semestres. Fazer a boa gestão financeira da empresa está complicado, e isso vai precisar ser feito. É uma empresa importante para Pernambuco, só de contribuição é desembolsado mais de R$ 1 milhão”.

Em junho de 2020, a dívida bruta da Celpe, incluindo empréstimos, financiamentos, debêntures e instrumentos financeiros, foi de R$ 4,8 milhões (dívida líquida R$ 4 milhões), apresentando um aumento de 10,6% (R$ 468 milhões) em relação a dezembro de 2019. Este mês a Celpe contraiu um empréstimo de R$ 454 milhões no chamado conta-covid. O pagamento será amortizado através de cobrança adicional nas contas de energia. Também neste mês passou a vigorar o reajuste médio de 5,16% da companhia.

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