Guedes anuncia 'debandada' com saída de Salim Mattar e Paulo Uebel da Economia

A confirmação foi feita em entrevista coletiva após uma reunião entre o ministro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
Agência Brasil
Publicado em 11/08/2020 às 20:40
O ministro da Economia, Paulo Guedes, fala à imprensa no Palácio do Planalto, sobre os 500 dias de governo Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil


O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que o secretário especial de Desestatização, Salim Matar, e o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão nesta terça-feira (11). Salim era o responsável pelas privatizações e Uebel pela reforma administrativa.


"O Salim hoje me disse o seguinte: 'a privatização não está andando, eu prefiro sair'. E o Uebel me disse o seguinte: “a reforma administrativa não está sendo enviada, eu prefiro sair'. Esse é o fato, não escondo", disse o ministro.

Com as duas saídas de hoje, a equipe econômica soma agora cinco baixas. Nas últimas semanas, Mansueto Almeida já havia deixado o Tesouro Nacional, Caio Megale deixou a diretoria de programas da Secretaria Especial da Fazenda e Rubem Novaes anunciou que deixará a presidência do Banco do Brasil.

"Hoje houve uma debandada? Hoje houve uma debandada", disse Guedes. "Salim falou: 'A privatização não está andando, prefiro sair'. Uebel disse: 'A reforma administrativa não está sendo enviada, prefiro sair'. Esse é o fato, essa é a verdade." 

A confirmação foi feita em entrevista coletiva após uma reunião entre o ministro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Guedes reafirmou que não há apoio para uma eventual tentativa de furar o teto de gastos do governo."Não haverá nenhum apoio do Ministério da Economia a fura-tetos. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com ministro fura-teto", disse.

Segundo Guedes, Salim - um dos fundadores da Localiza - deixa o governo porque está insatisfeito com o ritmo das privatizações no governo. "O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, que o estabilishment não deixa a privatização, que é tudo muito difícil, tudo muito emperrado", declarou Guedes.

O ministro afirmou que apontou a Salim a necessidade de "lutar" para que as privatizações aconteçam. "O que eu digo para o Salim, o que eu sempre disse foi o seguinte: para fazer a reforma da Previdência cada um de nós teve que lutar. Para privatizar, cada um de nós tem que lutar. Não adianta esperar ajuda do papai do céu. Nossa proposta foi de transformação do estado. Então, nós vamos tentar e vamos correr até conseguir", declarou.

Já Uebel pediu demissão por discordar da estratégia do governo federal de deixar parada a reforma administrativa, que faz uma reformulação do RH do Estado. Guedes disse que o "timing" da reforma, engavetada pelo presidente Jair Bolsonaro por mexer com o funcionalismo público, é "político". "A reforma administrativa está parada. Então, ele [Uebel] reclama que a reforma administrativa parou. A transformação do Estado tem várias dimensões", afirmou Guedes.

Uma proposta de reforma administrativa chegou a ser elaborada por Uebel no ano passado, mas não chegou a ser apresentada ao Congresso. Em relação às privatizações, a equipe econômica cita entraves políticos e também burocráticos para destravar essa área.

Trocas e demissões no Ministério da Economia

No ano passado, Joaquim Levy e Marcos Cintra deixaram, respectivamente, a presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e o comando da Receita Federal.

Em 15 de julho, Mansueto Almeida deixou o comando do Tesouro Nacional, e foi substituído por Bruno Funchal. Apesar de a troca ter sido esperada, foi a queda mais relevante da equipe de Guedes até então.

No fim de julho, o Banco do Brasil comunicou a saída do presidente Rubem Novaes e foi apresentado então o pedido de demissão do diretor de programas ministério da Economia, Caio Megale.

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