Com a retomada gradual da economia, os pequenos negócios dão sinais de recuperação e, aos poucos, seus donos já começam a respirar mais aliviados. Isso porque houve uma ligeira melhora nos dados econômicos de empresas de micro e pequeno porte em julho na comparação com o mês anterior, segundo um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). As instituições vêm acompanhando mês a mês a situação dos pequenos desde o início do isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, em março.
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Para Adriana Côrte Real, diretora técnica do Sebrae Pernambuco, o resultado é animador. “Apesar de ser um avanço ainda tímido, ele aponta para uma tendência de melhora mais intensa”, afirma Adriana. Ela lembra que as micro e pequenas empresas representam 99% dos negócios no Brasil, tendo, portanto, um importante peso na economia. “Mais da metade do PIB, cerca 54%, está nas mãos dos micro e pequenos negócios. Por isso, é essencial que esse grupo de empresas vá bem”, argumenta.
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No fim de julho, a flexibilização para a reabertura econômica estancou a sangria no caixa e fez cair o índice de endividamento dos empreendedores, de 40% para 36%. A Região Nordeste teve o melhor desempenho. Aqui, o faturamento caiu em média 47% ante 50% do Brasil. Já o índice de endividamento saiu de 44% para 37%.
Os dados da pesquisa, batizada de “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, confirmam o que já é sentido na prática por donos de pequenos negócios. Após meses com o faturamento zerado, a Malharia Manchete, no Centro do Recife, já voltou a ficar no azul. “Os primeiros quinze dias de reabertura foram não ajudaram muita coisa. Mas a partir da terceira semana começamos a ver o quadro mudar e o movimento crescer”, conta Libânia França, 56 anos, proprietária da loja.
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Ela comemora um aumento de aproximadamente 30% nas vendas e no faturamento desde que reabriu as portas. “Não é a mesma coisa que antes da pandemia, mas já deu para colocar as contas em dias e não estar com nenhuma dívida em atraso”, diz.
Atividades nocauteadas pela pandemia também começam a se reerguer. Na barbearia de Leonardo Santos, no bairro do Ipsep, Zona Sul do Recife, as portas reabriram no meio de junho, depois de mais de quase três meses fechadas. De lá para cá, a clientela vem aumentando. Já era uma coisa que a gente previa, aquela demanda reprimida. Hoje meu faturamento está girando em torno de 45%”, diz o empreendedor, que desde o primeiro dia de reabertura, o estabelecimento já sentia os efeitos da alta busca por cortes de cabelo e barba no bairro. “Nossa agenda tem apenas poucos espaços para atender quem deseja os serviços”.
Com o crescente número de pessoas ao estabelecimento, o empreendedor conta que sua equipe tem se desdobrado para conscientizar os clientes que os procuram. “Muita gente, talvez por desinformação, ainda insiste em querer entrar sem máscaras, não higienizar as mãos. Aí fazemos um trabalho de explicar a importância disso”, diz ele, afirmando que a barbearia oferece máscaras descartáveis para quem, eventualmente, tenha esquecido a sua.
Na avaliação de Adriana Côrte Real, do Sebrae, os dados refletem os esforços dos micro e pequenos empreendedores na busca por caminhos para sair da crise, como a procura por empréstimos e comércio virtual. “Durante a pandemia, muitos negócios se adaptaram para ter uma presença maior na internet, recorrendo, inclusive, a linhas de crédito para isso”, diz ela, afirmando que 54% das empresas ouvidas procuraram algum tipo de financiamento.
Para ajudar os pequenos negócios, a Sala do Empreendedor da Prefeitura do Recife já fomentou este ano, até julho, a liberação de R$ 2.306.160,00 em crédito produtivo para 870 micro e pequenos empreendedores da cidade. Realizada em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), a ação tem o objetivo de estimular a geração de renda por meio da liberação de crédito financeiro e da renegociação de valores já disponibilizados. Em atendimento remoto desde março, a equipe da Sala do Empreendedor orienta os interessados sobre como obter o crédito, oferecido pelo banco dentro do programa Crediamigo.
Além de articular a liberação das verbas, a Sala prestou mais de 40 mil atendimentos durante o período, entre eles informações sobre compras, orientações contábeis, consultorias do Sebrae, alvarás de funcionamento, serviços para os microempreendedores individuais (MEIs) como formalização, declaração anual de Imposto de Renda, emissão de DAS, CIM, inscrição estadual e encaminhamento para órgãos como Vigilância Sanitária, Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Secretaria de Finanças e Corpo de Bombeiros. Mais de 8 mil empreendedores procuraram a Sala.
Os interessados podem procurar a Sala pelo e-mail saladoempreendedor@recife.pe.gov.br e via mensagens de WhatsApp para os números (81) 99171-1181 (apenas sobre crédito), 99488-6150, 99427-0810, 99264-2040 e 99262-1892.