Nos últimos anos, concurseiros acostumaram-se a crises e a cortes de gastos, que alongam a espera pelos editais de seleções e, muitas vezes, diminuem a quantidade de vagas ofertadas. Apesar disso, a promessa de estabilidade e de salários, em geral, maiores que os da iniciativa privada ajuda a manter a motivação dos candidatos mesmo em períodos de escassez, como a pandemia do novo coronavírus.
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No período, várias seleções com datas marcadas foram suspensas ou adiadas. Também por causa da covid-19, outras, que ainda não foram abertas, devem demorar ainda mais para serem divulgadas. Afinal, com a crise sanitária, até mesmo a realização de provas configura risco de disseminação da doença.
Para o coordenador pedagógico do Nuce Concursos, Abner Mansur, a economia deve começar a se recuperar no ano que vem, e isso passará pelo setor de concursos públicos. Mesmo com a possível redução do orçamento governamental, os certames abrem vagas para serviços que não podem parar. “Certamente, 2021 tem tudo para ser um ano excelente em termos de concurso”, acredita.
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Ele lembra que várias seleções estão no radar dos candidatos. “Em 2021, teremos muitas seleções de destaque, como Ibama, Banco do Brasil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Reciprev, Prefeitura de Abreu e Lima, entre outros”, enumera Mansur. De acordo com ele, esses são concursos que foram solicitados em 2020 e que o poder público sinalizou por suas autorizações.
Recém-aprovado no concurso da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE), Victor Cabral, 29 anos, ainda não parou sua trajetória concurseira. Ele sonha com uma vaga de auditor fiscal. Conciliando os estudos com o trabalho de analista de processos, o jovem espera ser convocado a qualquer momento para a posse na PGE, mas não para de estudar. “Eu fui aprovado antes da pandemia, mas continuo estudando”, diz.
De acordo com o jovem, o caminho do sucesso na vida concurseira é dedicação e rotina. “O primeiro passo é a organização, com horário, materiais e cronograma de estudos bacanas para que não fique maçante”, afirma. “Quem estuda para concurso tem que entender que é um estilo de vida no qual você renuncia a muita coisa”, reflete. Mesmo com a incerteza do que está por vir em relação aos concursos, Victor não desanima. “Esta é a hora de se fortificar, de aprender bastante. Tem muita gente saindo da fila, mas muitos estão entrando.”
Segundo o professor Abner Mansur, o restante de 2020 não será mesmo muito animador, mas há boas expectativas para 2021. “Infelizmente, o ano de 2020 está sendo muito duro para praticamente todos os setores atuantes na economia. Inúmeros órgãos estão com déficit de pessoal e isso tem um impacto muito negativo na prestação de serviços à população”, diz.
Por isso, Abner está confiante quanto ao rumo dos certames. “Tudo isso eleva a necessidade de realização de novos concursos e da manutenção dos que foram adiados. Acredito que as provas adiadas serão mantidas, pois é uma questão de necessidade”, avalia. Ele tranquiliza concurseiros com relação ao medo de cancelamento de exames. “Com a volta da normalidade, tenha certeza, muitos concursos que estão represados serão ofertados.”
Apesar das projeções não muito animadoras em curto prazo, Abner recomenda que concurseiros continuem estudando, em especial os que estão inscritos e que esperam a aplicação das provas. “O candidato deve sempre estar preparado. O fato de não serem promovidos muitos concursos de uma vez facilita os estudos, permitindo prestar mais de uma seleção com alta dedicação, aumentando as chances de ser aprovado”, incentiva.
Avaliação parecida faz Amanda Aires, professora de economia e conhecimentos bancários do Estratégia Concursos. Para ela, a interrupção dos exames e de lançamentos de editais durante o período de quarentena também foi uma oportunidade para muitos candidatos fortalecerem sua preparação para as provas. “Digo sempre aos meus alunos que estejam sempre preparados e aproveitem o tempo em que os concursos estão suspensos para estudar ainda mais para as provas futuras”, afirma.
Segundo Amanda, vários órgãos públicos só estão esperando autorização para lançar os editais das provas. “O ideal é começar antes do edital sair. A demora na publicação do edital às vezes é uma boa, porque dá mais tempo para o candidato se preparar. E, quando sai, o candidato pode focar só no que mudou”, aconselha Aires. “O candidato deve começar a estudar quando o concurso é previsto. Quando sai a banca, ele pode fazer questões dessa banca. E, depois, com o edital, que vai direcionar os estudos”, diz ela.
De olho nos concursos do Reciprev e do Depen, a empresária Amanda de Medeiros, de 28 anos, segue as dicas da professora Amanda Aires. “Escolhi não perder tempo e cair com tudo nos estudos desde já”, conta a jovem, que já conseguiu estabelecer uma rotina de estudos. “Eu criei meus cronogramas, estudando da forma mais direcionada possível, assim evito desgastes desnecessários”, afirma ela.
Para ela, ainda há incerteza de como serão retomadas as provas com o risco de contaminação pelo coronavírus. “As próximas seleções ainda estão obscuras, pois não sabemos se teremos concursos neste ano e nem como serão as realizações as provas, quais cuidados as bancas terão que adotar e como isso afetará o desempenho nas provas”, diz.