Duas iniciativas, uma privada e outra pública, tentam estimular a retomada da atividade econômica entre pequenos empreendedores após os prejuízos trazidos pela pandemia do novo coronavírus. Criado pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), o Escolha Pernambuco quer incentivar o consumo interno a partir da compra a produtores locais. Já o governo do Estado lançou a plataforma Compre PE, onde pequenos empreendedores podem negociar seus produtos e serviços gratuitamente.
O Compre PE é coordenado pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação (Seteq) e vai funcionar como uma espécie de delivery compartilhado, que vai aproximar os vendedores dos compradores. Isso vai acontecer por conta do PE Cidadão, que existe dentro da plataforma, onde estão cadastradas 400 mil pessoas e é acessada por uma média de 15 mil pessoas por dia, em busca de serviços.
Os interessados em participar do programa podem fazer a inscrição no endereço comprepe.pe.gov.br. Nesta primeira etapa, a plataforma busca atrair microempreendedores individuais que ofereçam produtos e serviços, além de pequenos e médios comerciantes e prestadores de serviço informais, como pintores, encanadores, marceneiros, eletricistas e outros.
Nesse primeiro momento também entram vendedores de móveis, de café, couro, doces, cervejas artesanais, artesanato de barro, decoração, roupas, bijuterias, lojas de ração de animal, lanchonetes, padarias, pizzarias, doces, salgados e outros. O Compre PE pode ser acessado pelo computador ou pelo celular. No site www.seteq.pe.gov.br também será disponibilizado um botão que levará direto para o comércio eletrônico.
“No Brasil, existem outras iniciativas como essa, mas que cobram um valor ainda alto para os pequenos, quase 22% em média sobre a venda do produto. Já a plataforma do Governo de Pernambuco não vai gerar nenhuma despesa ou custo para o pequeno empreendedor”, explica o secretário do Trabalho, Emprego e Qualificação, Alberes Lopes.
O projeto Escolha Pernambuco foi criado para engajar a sociedade e estimular o consumo interno, numa tentativa de incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) local, incentivar a geração de emprego e permitir que os investimentos cheguem ao Estado. Ao todo, Pernambuco tem cerca de 15 mil indústrias que podem ser beneficiadas pela iniciativa. Depois que o IBGE divulgou uma queda de 9,7% no PIB brasileiro no segundo trimestre, fica a expectativa de como será o resultado de Pernambuco.
O presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, diz que o lema da campanha “juntos somos mais fortes faz total sentido neste momento de crise. Ele reitera que valorizar os produtos do Estado e apoiar a retomada do crescimento são importantes. “Muitas vezes, os itens fabricados pelas nossas indústrias têm preços mais competitivos, mas não são privilegiados durante a compra. São atitudes simples, como olhar o endereço da fábrica no rótulo, por exemplo, que são capazes de mudar a nossa realidade”, destaca.
Embora os desempenhos das economias local e do País não estivessem dos melhores antes da pandemia, por conta da recessão de 2015-2016, a expectativa era de uma lenta retomada no início de 2020. É tanto que os dados do Caged apontavam uma redução no saldo negativo de empregos, que saiu de 10.417 postos de empregos fechados em 2016 para 3.600 em 2019, em Pernambuco.
O mesmo movimento acontecia com a produção industrial do Estado, que pontuou 5,5% de crescimento na passagem de dezembro de 2019 para janeiro de 2020 e elevação de 4,9% de janeiro para fevereiro deste ano. “Sabemos que temos um longo caminho para voltarmos aos patamares anteriores ou, no cenário mais otimista, crescermos mais. É preciso que cada um, se puder, faça a sua parte e contribua para que o que é produzido no nosso estado tenha ainda mais importância para o seu povo”, observa Essinger.
Resultado da produção industrial divulgado na semana pelo IBGE, mostrou um avanço de 8% em julho frente a junho, mas o desempenho acumulado continua em queda. Entre janeiro e julho o setor acumula perda de 9,6% e nos últimos 12 meses a redução foi de 5,7%. O desempenho de julho por Estados ainda será divulgado pelo IBGE.