Empresários pernambucanos firmaram parceria com a norte-americana Seaborn Networks para construírem no Recife um centro de processamento de dados e um landing station, ponto de conexão de cabos submarinos internacionais, para transmissão de dados em alta velocidade. O empreendimento, com investimentos de mais de US$ 20 milhões (R$ 110 milhões) vindos da iniciativa privada, de fundos de investimento e de recursos do BNB, foi selado nesta segunda-feira (19) no Palácio do Campo das Princesas, em reunião com o governador Paulo Câmara, o prefeito do Recife,Geraldo Júlio, secretários de estado e o grupo de investidores, representado pelos empresários Halim Nagem, Múcio Novaes, Paulo Perez e Urbano Vitalino. As obras estão previstas para começar em maio do próximo ano, com perspectiva de iniciar as operações em janeiro de 2022. A expectativa dos investidores é que o projeto, quando atingir sua maturidade, fature até R$ 320 milhões por ano.
VANTAGENS
Para Halim Nagem, um dos empresários que integra o consórcio, a nova infraestrutura tecnológica vai gerar riqueza para o estado que já se destaca pelos pólos médico, de logística e de tecnologia. “A oferta de tráfego de dados em alta velocidade e com segurança é um dos primeiros critérios a serem observados pelos investidores. Mas mesmo os pequenos negócios e pessoas físicas também irão tirar proveito dessa operação com uma internet de alta velocidade e melhor qualidade”, observa. “A tecnologia estará disponível para todos”, complementa.
Para o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, o empreendimento também deve funcionar como fator de atração para grandes players de tecnologia se integrarem ao parque tecnológico do Recife. “A chegada desses dois ativos a Pernambuco irá proporcionar um incremento nos negócios do Porto Digital, ajudando a atrair novas empresas e startups, o que vai gerar um aumento significativo de empregos e faturamento no ecossistema da tecnologia da informação e da economia criativa no Recife e em todo o Estado”, reforçou Pierre Lucena.
A atração do Data Center é o segundo passo do consórcio de investidores locais e a Seaborn Networks, empresa sediada em Boston, Massachusetts (EUA), após o anúncio do cabo submarino, feito em 2019, e que vai conectar Pernambuco à internet global de alta performance, reduzindo o custo pela contratação de conexão de maior velocidade.
O PROJETO
O Data Center da Recife Co. funcionará em um complexo de três pavimentos, dividido da seguinte forma: no térreo, haverá uma área dedicada ao desembarque do cabo submarino SeaBras-1, estrutura de 500 quilômetros que vai conectar o Recife a outros landings stations localizados em São Paulo e Nova York. A conexão que chegará à capital pernambucana fará uma “ponte” com a estrutura já existente de 10,5 mil Km de cabos do SeaBras-1, que começa em NY e vai até Praia Grande (SP) pelo fundo do mar.
Este piso abrigará uma parte do complexo denominada “Cable Landing Station”. No mesmo nível ficarão as construções para os equipamentos da subestação, moto gerador, sistema de energia ininterrupto, central condicionadora de ar e equipamentos de energia para o cabo submarino. Além disso, a sala de telecom para entrada e saída de cabos de fibras óticas, escritórios, salas de reunião, recepção, depósito e construções auxiliares.
O primeiro e segundo andares, por sua vez, serão compostos de “data halls” (salas para abrigar os servidores das empresas contratantes). Eles serão preenchidos em quatro fases, cada uma com 100 “racks” para servidores e cada rack com potência média permitida de 10KW cada um. Com a ocupação plena com todos os “data halls”, o consumo de energia será 5MW. De acordo com a Recife Co., a infraestrutura do centro de processamento de dados será suprida por duas linhas independentes de energia elétrica de alta tensão de 13,8 KV. Como é prática no setor, o endereço do local no Recife onde será construído o futuro Data Center não será divulgado por razões de segurança, explicou o investidor Halim Nagem.
SEABORN NO BRASIL
O SeaBras–1, cabo submarino construído pela Seaborn Networks e Alcatel-Lucent Submarine Networks, é composto de seis pares de cabos de fibra ótica e tem capacidade para transportar dados a 72 terabits por segundo, ao longo de 10,8 mil quilômetros no Oceano Atlântico. O investimento foi de US$ 500 milhões. A conexão interligando o cabo ao Recife, por sua vez, será construída a partir de um consórcio liderado pela Recife Co. A previsão é que as operações sejam iniciadas em julho de 2022.
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