Para alguns negócios, o impacto da pandemia foi maior do que a recessão enfrentada pelo Brasil em 2015 e 2016. A atração de investimentos foi um deles. Embora os estados continuem se empenhando na busca por projetos, as empresas desaceleraram os investimentos. No Estado, o ano marcado pela covid-19 foi o pior, desde 2014, na atração de negócios com incentivos do Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe). Foram captados 135 projetos com investimentos estimados em R$ 489 milhões e a projeção de gerar 1.915 empregos. A 113ª reunião do Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic) foi realizada virtualmente nesta terça-feira (29), concluindo os encontros do ano.
- Economia do Brasil deve deixar de estar entre as maiores do mundo em 2020, aponta pesquisa
- Em Pernambuco, estimativa é que economia só volte a crescer após vacinação em massa, prevista para segundo trimestre de 2021
- Brasil investiu pesado para combater covid-19, mas aumento dos casos vai retardar crescimento da economia
Antes da recessão, o balanço anual do Condic alcançava a casa dos bilhões. Em 2014, o valor dos investimentos chegou próximo de R$ 1,4 bilhão com a previsão de abertura de 10.946 postos de trabalho. Só a geração de empregos seria equivalente a quase seis vezes a de 2020 e os aportes quase três vezes superiores.
No último encontro deste ano foram aprovados 50 projetos, com discreto investimento de R$ 80 milhões e 766 postos de trabalho. Entre os destaques desta reunião está a empresa A C M Alimentos Eireli., sediada no Cabo de Santo Agostinho. Especialista na produção de pipoca e salgadinho, investirá R$ 21 milhões na sua implantação, criando 180 vagas de emprego. A ASA Indústria e Comércio LTDA., localizada em Belo Jardim, que ampliará sua linha de produtos, também se destacou. Investirá R$ 13 milhões e poderá gerar 37 postos de trabalho.
BALANÇO
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Bruno Schwambach, diz entender a dificuldade do ano, mas comemora o fato de a performance de Pernambuco estar acima do Brasil em alguns aspectos. Para além da atração de investimentos aprovados no Condic, o secretário também inclui na conta os protocolos de intenção assinados este ano. Com isso, o número de empreendimentos que anunciaram investimentos em 2020 sobe para 148, os aportes privados para mais de R$ 3,3 bilhões e os empregos para 7,3 mil empregos nas futuras operações.
“Sabemos que o ano de 2020 foi bastante desafiador em diversos aspectos. Por isso, chegar ao marco de R$ 3,32 bilhões em novos investimentos muito nos orgulha e nos dá a certeza de que as políticas adotadas e as decisões tomadas ao longo de todo o ano foram assertivas. Destaco também que Pernambuco foi o terceiro Estado do Nordeste que mais gerou empregos no último mês de novembro, segundo dados do Caged. Este foi o quinto mês consecutivo que o Estado registra saldo positivo de vagas. Então, são números que nos dão a segurança de que, mesmo diante da pandemia da Covid-19, continuamos como estivemos nos últimos dez anos, com uma performance de crescimento econômico maior que a do Brasil”, destaca o secretário.
O levantamento realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, aponta que do total anunciado no ano, R$ 2,833 bilhões são referentes a anúncios de 13 projetos oficializados por meio de protocolos de intenção, assinados junto ao Governo do Estado. O maior foi com a empresa Golar Power Brasil, que está investindo R$ 1,8 bilhão na implantação de um Terminal de Gás Liquefeito (GNL) no Complexo Industrial Portuário de Suape. Com geração de 300 empregos diretos, a unidade está prevista para entrar em operação no primeiro trimestre de 2021.
Outro projeto de relevância é o do Consórcio Recife CO., em parceria tecnológica com a Seaborn Networks, empresa sediada em Boston (EUA), com investimento de R$ 110 milhões. Será construído um novo Data Center e uma landing station para o cabo submarino, investimento de R$ 200 milhões que havia sido anunciado pelo grupo em 2019. As obras do novo projeto devem ser iniciadas em maio de 2021.
O ano também foi de projetos na área industrial, a exemplo da OL Papéis que anunciou a construção de uma filial no município de Pombos para produção de fraldas descartáveis, papel higiênico e papel toalha. O projeto representa um investimento de R$ 70 milhões e a geração de 262 empregos. Já no polo automotivo, a Yazaki anunciou investimento de R$ 60 milhões para implantação de uma fábrica de chicotes automotivos no município de Bonito, com geração de 1.600 empregos no Agreste pernambucano.
Comentários