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Pandemia acelera mudanças em seleções de emprego, e vídeo currículo ganha mais destaque

Para especialistas, profissionais que vivenciam este tipo de seleção têm muitas vantagens

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Marcelo Aprígio

Publicado em 26/02/2021 às 12:26 | Atualizado em 26/02/2021 às 17:27
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Com a pandemia de covid-19, as diversas interações humanas estão sendo cada vez mais rapidamente modificadas pelas tecnologias, sobretudo no mundo corporativo. Antes, reuniões eram feitas presencialmente, com os profissionais portando seus blocos de notas e canetas. Agora, os encontros presenciais estão se tornando raridade. As corporações estão aderindo a videoconferências, e dando preferência a registrar os tópicos importantes das reuniões em notebooks e tablets. No mesmo sentido, as etapas da seleção de profissionais também têm sofrido alterações.

Para conseguir uma nova vaga de emprego já não basta mais apenas enviar o currículo e participar de entrevistas. Agora, as empresas estão exigindo também o vídeo currículo, uma espécie de mídia de apresentação para agilizar as etapas presenciais, reduzir os custos de deslocamento para o candidato e ampliar a seleção com a integração de profissionais de outras cidades.

A especialista em Gestão de Pessoas e consultora de RH Andréa Biazatti explica que o arquivo ajuda o recrutador a escolher quem vai convidar para uma entrevista presencial, por meio da análise de características individuais. “Pelo vídeo dá para perceber se o candidato tem os mesmos valores da empresa, além de observar aspectos comportamentais. Para uma vaga de vendedor, por exemplo, a pessoa precisa ser dinâmica, extrovertida, porque vai lidar com o cliente”, diz a especialista, que também é professora do Unit-PE.

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VÍDEO CURRÍCULO | Especialista em Gestão de Pessoas e consultora de RH Andréa Biazatti - ACERVO PESSOAL

Na Stone, companhia de tecnologia para meios de pagamento, o vídeo currículo é a quarta etapa do processo de seleção da empresa. O material e usado para avaliar a capacidade de síntese do candidato e a de se comunicar de forma clara e estruturada. De acordo com a companhia, também são observadas a personalidade e a autenticidade dos participantes ao contar os principais pontos de sua trajetória de vida, por meio de uma linha de raciocínio clara. “Para aqueles que não se sintam confortáveis em fazer o vídeo ou estejam impossibilitados no momento, há a opção de enviar uma gravação de áudio”, diz comunicado da Stone.

A empresa está com as inscrições para a 13° edição do programa Recruta Stone abertas. Podem se candidatar profissionais de todo Brasil. Os interessados devem se inscrever até o dia 4 de março pelo www.recrutastone.com.br/o-recruta.

O mentor de carreira Carlos Lopes, por sua vez, ressalta as vantagens trazidas para os profissionais que vivenciam este tipo de seleção: “Ajuda muito os candidatos, pois eles podem regravar quantas vezes quiserem, até acharem que o material está adequado”. “Muitas vezes, as pessoas querem se livrar desta tarefa, e enviar o logo o material para a empresa. O ideal é que gastem o máximo de tempo o possível”, aconselha Lopes.

Miguel Duarte, 29 anos, perdeu o emprego em dezembro do ano passado e, de lá para cá, já fez dois processos seletivos que exigiram a gravação de um vídeo. “A exigência era que tivesse duração de até três minutos e que eu falasse de mim, da minha trajetória profissional e da expectativa salarial. Achei que seria rápido, mas gastei uma tarde inteira. Gravei várias vezes com meu próprio celular até ficar bom", conta ele, afirmando que usa celular ou notebook para produzir a mídia.

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VÍDEO CURRÍCULO | Miguel Duarte, 29 anos - ACERVO PESSOAL

Vídeo aumenta as chances

Especialistas acreditam que, ainda que o vídeo currículo não seja solicitado, os candidatos que tiverem a possibilidade de gravar uma apresentação devem enviá-la à empresa que oferece a vaga de emprego. Para Carlos Lopes, a junção de um currículo enxuto, de até duas páginas, e um vídeo de suporte, que complemente as informações, pode ser “uma arma e tanto” a favor do concorrente. “Se o candidato tem um material de alta qualidade e, durante o vídeo, apresenta experiências altamente relevantes que permitam ao recrutador entender mais facilmente que ele é o profissional ideal para resolver o problema da empresa, ele não só pode como deve perguntar aos recrutadores se eles querem receber o material”, aconselha.

Para isso, no entanto, é preciso estar atento aos mínimos detalhes, que podem fazer a diferença na hora da seleção. Por isso, sugere utilizar para a gravação um aparelho que tenha boa resolução de imagem, evitar a presença de ruídos e, se for possível, usar algum tipo de edição que ajude a aumentar a qualidade do produto final. “É aconselhável também utilizar o tempo dado para se preparar o máximo que conseguir para a gravação. Ou seja, escrever antes o que vai falar no vídeo. É importante, também, escolher com cuidado o local onde será gravado o vídeo e os trajes que serão usados na filmagem”, pontua Andréa Biazatti.

Assim como a Stone, geralmente, as companhias que solicitam o vídeo de apresentação já mandam uma lista de perguntas que precisam ser respondidas, como “porque deseja trabalhar na empresa?” ou “por qual motivo escolheu a profissão que exerce?”. Para se sair bem, Carlos sugere fazer um roteiro, treinar as respostas e falar sorrindo para a câmera.

“Muitas vezes, os vídeos currículos devem ser gravados por meio da plataforma de seleção, com a webcam. Então, nesses casos, não há como editar. Por isso, é essencial treinar para não deixar de falar coisas importantes”,orienta Carlos Lopes. “Além disso, falar sorrindo passa a ideia de ser uma pessoa carismática. Às vezes, mesmo sendo simpático, o candidato fica tenso e transmite uma imagem sisuda”, completa.

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ARTE VÍDEO CURRÍCULO - MARCELO APRÍGIO/JC

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