CUSTO DE VIDA

Botijão de gás de cozinha e gasolina ficam 7% mais caros neste sábado (09) para distribuidoras

O reajuste é para as distribuidoras que compram os produtos da Petrobras. As empresas vão repassar a alta ao consumidor

Angela Fernanda Belfort
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Angela Fernanda Belfort
Publicado em 08/10/2021 às 13:17
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
ESTRATÉGIA Medida da ANP abre espaço para o preço da gasolina ultrapassar os dois dígitos nas bombas - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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A Petrobras vai reajustar o preço do gás de cozinha e da gasolina em mais de 7%. Os novos preços já serão cobrados as distribuidoras neste sábado (09). O GLP, o gás de botijão, sairá de R$ 3,60 o quilo para R$ 3,86 o quilo. É um aumento de R$ 0,26 por quilo e geralmente os botijões têm 13 quilos. Os preços divulgados são os cobrados às distribuidoras. 

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Já a gasolina vai sair do preço médio de R$ 2,78 para R$ 2,98 por litro para as distribuidoras, refletindo o reajuste médio de R$ 0,20 por litro. Para o consumidor,  a gasolina está saindo por mais de R$ 6,00. 

Os aumentos dos preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel têm ocorrido constantemente e causado uma insatisfação popular. Eles também contribuem para aumentar a inflação, que já está mostrando as suas garras e reduzindo o poder de compra da população.  

A política de preços da Petrobras está sendo muito criticada por alimentar a inflação. O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), chegou a dizer que a culpa da alta do preço da gasolina e do  diesel é dos governadores que cobram o Imposto sobre Criculação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis. 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindcombustíveis-PE), Alfredo Pinheiro Ramos, disse que o certo era o aumento já chegar ao bolso do consumidor neste sábado (09), mas "como o preço é livre ninguém sabe o quanto do reajuste será repassado ao consumidor. Ele argumentou também que os postos têm que aumentar porque vão precisar de mais dinheiro para capital de giro já que o preço do produto vai estar mais alto.

O Sindcombustíveis fez uma projeção usando como parâmetro um posto de gasolina que faça uma venda de R$ 1 milhão em gasolina com o litro por R$ 5,99 e chegou aos seguintes valores: R$ 282 mil serão recolhidos ao governo do Estado para pagar o ICMS, R$ 150 mil serão pagos em tributos federais e R$ 60 mil será o valor que vai ficar para remunerar as despesas do posto de gasolina. "Para os donos de postos, este é o pior dos cenários: a alta dos preços, a dificuldade para fazer capital de giro e a diminuição das vendas",comenta. 

Os preços dos combustíveis estão aumentando principalmente por dois motivos: o preço do barril de petróleo no mercado internacional está em alta e uma parte do diesel e gasolina utilizados no Brasil são importados. O dólar também está mais valorizado no País devido à instabilidade política. Isso significa que tudo que é importado fica mais caro. 

E também porque no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Petrobras adotou uma política de repassar a alta dos custos dos combustíveis no mercado internacional para o consumidor brasileiro.  

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JAILTON JR./JC IMAGEM
Auxílio Gás vai ajudar na compra do botijão de 13 quilos - FOTO:JAILTON JR./JC IMAGEM

Um outro reajuste não seria surpresa

Este ano, o preço da gasolina praticado pela Petrobras na refinaria já subiu 62%. No gás, o aumento alcança 48%. Os combustíveis têm sido um vilão da inflação. No entanto, a Petrobras defende que "esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento".

Guilherme Sousa, analista da Ativa Investimentos, avalia que como existem pressões crescentes vindas do câmbio e do preço do barril de petróleo, ainda há espaço para novo reajuste pela Petrobras no curto prazo. É que segue havendo uma defasagem na comparação com o mercado internacional. Essa alta poderia alcançar até 20% ou ficar em torno de 14%, a depender do modelo utilizado para fazer as projeções.

Esse reajuste de agora afetaria as bombas no fim de outubro, com impacto proporcional no IPCA deste mês e já integral a partir de novembro. No fim de setembro, a Petrobras já havia reajustado o diesel em 8,9%. Nos três casos, o preço final aos consumidores depende de tributos e de ganhos das distribuidoras.

André Braz, economista do Ibre/FGV, calcula que o aumento na bomba seja de aproximadamente 3%. Ele diz que, no geral, quando sobe um custo de um item essencial usado pelas famílias, isso vai minando gastos em outras frentes, o que já vem ocorrendo em consequência à alta da inflação.

Braz destaca que esse reajuste já era esperado, considerando o aumento do diesel anunciado na semana passada. "Aumento do diesel, embora não apareça tanto no IPCA, é ainda mais vilão do que o da gasolina, porque tem um peso grande em transportes rodoviários e coletivos nos grandes centros. Mas a alta da gasolina e do GLP deve acrescentar 0.20 ponto percentual à inflação de outubro", estima ele.

Em entrevista ao GLOBO, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que tem sido alvo de críticas pelos preços praticados pela Petrobras, afirmou que represar reajuste poderia levar a um desabastecimento do mercado interno.

Silva e Luna disse ainda que a estatal trabalha junto ao governo para viabilizar um fundo para acomodar as flutuações do petróleo e evitar repasses para o preço dos combustíveis.

Em outra frente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem criticado a alta da gasolina, apresentou um projeto para mudar a forma como o ICMS é calculado e tentar reduzir preços dos combustíveis.

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