Com preço da gasolina nas alturas, consumidor busca alternativas de bicicleta ou a pé
De janeiro para cá, as altas nos combustíveis já somam 73,4%
Fechar as contas no fim do mês não tem sido tarefa fácil para os brasileiros. Não bastasse o valor dos alimentos estarem nas alturas, os consecutivos aumentos no preço dos combustíveis dificultam ainda mais a situação. De janeiro para cá, as altas já somam 73,4%, levando as pessoas a buscarem alternativas para economizar na hora de se deslocar pelos grandes centros urbanos do país.
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Um levantamento feito em setembro de 2021 pela WebMotors Autoinsights com 3.868 usuários de moto e carro aponta que 31% deles alteraram a forma de se locomover motivados pelo aumento dos combustíveis, que subiram de novo nesta terça-feira (26).
Para os motociclistas, a principal alternativa é a bicicleta, com 33% deles tendo migrado para este modal desde 2020, enquanto 17% dos proprietários de carro fizeram essa alteração no transporte. A adesão à caminhada foi citada por 17% dos motoqueiros e 22% dos motoristas.
Nas ruas do Recife, não são raros os relatos de quem já optou pela mudança ou conhece alguém que a fez. É o caso do eletricista José da Silva, 54 anos. "O pessoal está deixando de lado moto e carro para usar a bike. Conheço pessoas que venderam o carro para andar, não apenas de bicicleta, mas a pé. Está tudo caro", diz ele.
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Quem também já sente a mudança é o o auxiliar de divulgação João Felipe, 33. "Alguns amigos meus mal estão saindo de casa de carro, porque a cada saída é necessário abastecer o veículo. Então, estão adotando outras alternativas", afirma.
Termômetro de pedal
O mercado de bicicletas tem sido um termômetro dessa mudança. Dados levantados pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) mostram que em 2020 o segmento registrou 50% de aumento nas vendas em comparação ao ano de 2019.
E o crescimento se manteve no primeiro semestre de 2021: o país registrou 34,17% de aumento nas vendas das bicicletas em comparação ao mesmo período de 2020.
Na Tembici, empresa de bicicletas compartilhadas, que administra o serviço da Bike PE, a receita com usuários cresceu mais de 50% comparada ao período pré-pandemia. Segundo cálculos da empresa, a diferença de custo entre o uso da bicicleta e outros modais a combustível, pode ser até a 90% a menos, sendo o automóvel o mais custoso.
Ainda de acordo com estudo da Tembici, em 2021, 12 milhões de deslocamentos no país foram realizados com bicicletas. Já entre janeiro e agosto, o número de viagens feitas pelo aplicativo E-bike cresceu 66% em relação ao mesmo período de 2020. A empresa avalia que esse crescimento foi impulsionado, além da pandemia, pela alta dos combustíveis.
Apesar da migração sentida nas ruas e no faturamento do segmento de bicicletas, um conjunto de fatores ainda se torna um grande empecilho para a utilização da ‘magrela’ como meio de transporte urbano.