As fintechs - empresas que oferecem serviços financeiros usando tecnologias - chegaram ao mercado com gosto, estão oferecendo serviços que trazem soluções completas e acabam beneficiando o usuário ou outros negócios. Elas oferecem os mais variados serviços que incluem desde a gestão financeira de uma escola, como faz a start up Isaac, que assume toda a parte de "tesouraria" do colégio, entregando a receita - gerada pelas mensalidades - ao dono da escola, que deixa de ter a inadimplência, que passa a ser administrada pela fintech. Outro exemplo é a empresa pernambucana Exmed que vende um seguro, que não é plano de saúde, no qual o usuário faz um aporte numa conta digital, cujos recursos podem ser usados para pagar consultas médicas e exames. E também há a pernambucana Insole - que comercializa uma solução que instala um sistema de geração solar sem ele desembolsar um tostão.
>> Chegou o seguro que pode bancar consultas e exames médicos
A novidade é que elas não oferecem somente a solução financeira, mas um pacote completo que facilita a vida do usuário ou empresa que contrata o serviço. Regulamentadas a partir de 2018, existem mais de 1158 fintechs atuando no País. "As fintechs estão proliferando no Brasil porque há uma necessidade dos usuários e das empresas que não está sendo suprida pelos modelos tradicionais do sistema financeiro. Isso vai favorecer a concorrência nesta área e a digitalização", resume o coordenador do Grupo de Trabalho de Open Banking da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Rogério Melfi. Um estudo do próprio setor mostra que o Brasil tem um grande mercado para a atuação deste tipo de empresa devido, entre outras coisas, a baixa bancarização da população.
As fintechs também contam com outro fator: Elas são mais ágeis. "Cada uma cria o seu foco, começa a trabalhar de uma outra maneira, favorecendo a concorrência e aí todo mundo vai ter que se movimentar no jogo", revela Rogério. No primeiro trimestre deste ano, as fintechs brasileiras que atuam como startups na área financeira - receberam US$ 517 milhões, o que representa investimentos de cerca de R$ 2,8 bilhões, segundo o estudo Distrito Fintech Report.
E esse aporte financeiro ocorreu numa época em que a economia ainda está se recuperando dos impactos da crise econômica/sanitária provocada pelo novo coronavírus. O grande investidor das fintechs são os venture capital, fundos criados para investir recursos - geralmente comprando uma participação acionária - em empresas que prometem um crescimento rápido, que é justamente o que está ocorrendo com as fintechs que atuam na área financeira no País.
"O Brasil tem cinco bancos que detêm 98% das operações. Em 2018, o Banco Central normalizou as fintechs. É como se a fintech - que tem o DNA da tecnologia - nascesse montada num cavalo muito ágil que começa correndo, enquanto a sua concorrência, que é o tradicional sistema financeiro, está treinando para correr melhor. E neste cenário as fintechs apresentam melhores soluções mais inovadoras que encantam as pessoas", explica o economista da PPK Consultoria João Rogério Filho.
COMO FUNCIONA
Para o leitor ter ideia de como uma fintech funciona, vamos citar o exemplo da Insole, que oferece soluções que envolvem a implantação de sistemas de geração solar. A solução oferecida pela empresa é a implantação de um sistema de geração solar, que será bancado com a economia de até 50% que o cliente pode ter na conta de luz. Depois que o sistema começa a produzir energia,o cliente passa a pagar um valor menor do que a conta de luz, mensalmente bancando o financiamento do sistema de geração solar. A mensalidade do financiamento substitui a despesa que o usuário tinha com a conta de luz. Ou seja, o usuário passa a gastar menos do que pagava na conta de luz, porque passa a produzir sua própria energia e quando acabar o financiamento, as placas solares ficam com o usuário.
"As fintechs lançam modelos disruptivos e vão numa tendência de oferecer um serviço que os bancos não fazem, deixando uma lacuna. Elas tentam resolver alguma dor que o usuário está tendo no momento e transformá-la numa oportunidade", explica o fundador e presidente da Insole, Ananias Gomes. E a conta de luz atualmente é uma preocupação para o brasileiro, porque não para de subir de preço. "É como se o usuário comprasse um carro e pagasse apenas pela gasolina. O nosso cliente não compromete o seu grau de endividamento diante dos bancos. Ele assina um documento de aluguel com a opção de compra. Quando acaba de pagar o financiamento, as placas solares implantadas são do cliente", comenta Ananias. Ou seja, o cliente não paga pelo investimento do sistema solar de uma só vez, parcela o pagamento e vai ficar com um sistema que pode gerar energia por até 20 anos. Caso o usuário não pague o financiamento, a Insole fica com a placa solar.
Criada em 2013, a Insole começou com Ananias oferecendo o serviço e sem funcionários. Em 2019, a empresa recebeu um aporte de R$ 100 milhões de investidores do mercado financeiro. É com esses recursos que a empresa banca a implantação dos sistemas solares. Atualmente, a Insole tem mais de 200 funcionários. Só em 2021, a empresa implantou mais de mil projetos de sistemas de geração solar, incluindo sistemas de geração "P, M, G e GG",como diz Ananias. E está começando a oferecer outros produtos e serviços, tendo como base a economia que o cliente pode fazer produzindo a sua energia e o que ele pode financiar, quando começa a gastar menos com a conta de luz.
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