Turismo

Tragédia no Capitólio, em Minas, chama atenção para a necessidade de garantir a segurança do turismo de aventura

Estados vão apresentar ao ministério do Turismo estudos geológicos dos principais pontos do turismo de aventura

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Adriana Guarda

Publicado em 15/01/2022 às 7:00
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Era para ser uma aventura cheia de adrenalina, mas se transformou em tragédia. No sábado que passou (8), quatro lanchas passavam pelo Lago de Furnas, em Capitólio, Minas Gerais, quando um deslizamento de rochas atingiu as embarcações. A imagem daquela pedra gigante se movendo e atingindo os barcos foi aterradora. Mais parecia uma cena de ficção. O resultado foi a morte de dez pessoas, outras 32 feridas e um trauma que vai ficar para a história. O acidente chamou atenção para a regulamentação, segurança, fiscalização e sustentabilidade do turismo de aventura e do ecoturismo. Até que ponto se aventurar por essses roteiros é seguro? De quem é a responsabilidade de fazeruma manutenção nesses espaços? De que forma a degradação ambiental contribui para esse tipo de tragédia. São questionamentos que vieram à tona e precisam continuar no radar. 

Na segunda-feira (10) seguinte ao acidente, o Ministério do Turismo realizou uma reunião virtual com representantes do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) para discutir medidas capazes de identificar eventuais riscos. Uma delas seria a realização de estudos geológicos. Atualmente, nenhum Estado mantém esses estudos. 

A conclusão da reunião é que Governos estaduais devem elaborar, nas próximas semanas, relatórios sobre pontos críticos em áreas de ecoturismo que precisem de uma avaliação geológica. A ideia é prevenir acidentes como o desabamento parcial de um cânion em Capitólio (MG). Os Estados estados vão enviar relatórios para o ministério sobre todas as suas cidades e seus pontos críticos, a semelhança com capitólio, que necessitam de estudos geológicos. 

vale do catimbau -

PERNAMBUCO 

A diretora de Estruturação do Turismo da Empetur, Socorro Rodrigues, participou da reunião com o Ministério do Turismo. "No encontro ficou acordado que os Estados em parceria com a União irão fazer um levantamento que permita identificar eventuais riscos para evitar acidentes naturais em cânions, cachoeiras, rios e córregos, melhorias no controle e fiscalização das práticas de ecoturismo em cada destino. Os pontos naturais que podem causar algum tipo de acidente serão identificados e catalogados, tendo em vista as prioridades e serão encaminhados ao MTur por meio do Fornatur", explica.

Em Pernambuco, por exemplo, alguns destinos têm práticas e vocação para o turismo de aventura permanente, como Bonito, Buíque, Fernando de Noronha, São Benedito do Sul, Igarassu, Triunfo, Petrolândia, Petrolina, Recife e Tamandaré. O Vale do Catimbau, em Buíque, é uma dos principais rotas do ecoturismo do Estado. 

Apesar da iniciativa de fazer os estudos geológicos, não foi definido prazo para que as mudanças sejam implementadas nos próprios pontos turísticos. Na reunião, os Estados também apontaram que alguns municípios turísticos não têm condições financeiras de custear a produção dos laudos. Diante disso, os secretários avaliam a necessidade de pedir apoio do Ministério do Turismo para pagar esses estudos. Outro pleito dos secretários estaduais é incluir o turismo no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil.

MINISTRO 

Presente na reunião virtual, o ministro Gilson Machado Neto defendeu uma maior formalização do turismo e também se mostrou a favor de incluir a atividade no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil. O ministro destacou, ainda, de apostar na formação dos profissionais do setor para que saibam lidar com esse tipo de situação. segundo ele, o Ministério do Turismo está finalizando preparativos para lançar um curso gratuito de capacitação para condutores do turismo náutico.  

"Essa capacitação, que nós já vínhamos desenvolvendo, é de fundamental importância. Não apenas pelo momento, mas para a inclusão no mercado de trabalho de profissionais que dêem segurança ao turista", defende. 

Apesar da importância de discutir o turismo de aventura, por enquanto vem ficando de fora outro ponto fundamental, que é o controle da degradação ambiental. Tragédias como as que aconteceram em Capitólio, os desabamentos de barreiras em Ouro Preto (MG) e as enchentes na Bahia são apenas exemplos mais recentes de que não existe ecoturismo sem sustentabilidade, de que não é possível apenas explorar a natureza sem cuidar do patrimônio ambiental brasileiro.  

 


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