Nada a comemorar

Pernambuco é o estado com mais desempregados no Brasil. A cada 100 pessoas, 20 estão sem trabalho

O Estado encerrou 2021 com uma taxa de desocupação de 19,9%, um recorde de pessoas de 'braços cruzados', desde que o IBGE iniciou a pesquisa, em 2012

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 16/03/2022 às 19:01
GUGA MATOS/JC IMAGEM
Segundo o Mapa da Nova Pobreza, cerca de 29,6% da população total do País está em situação de pobreza - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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A cada 100 pessoas com idade para trabalhar em Pernambuco, 20 estão desempregadas. É a pior situação em todo o País. O Estado encerrou 2021 com uma taxa de desocupação de 19,9%, um recorde de pessoas de 'braços cruzados', desde que o IBGE iniciou a pesquisa, em 2012. Por esses dias, o governo do Estado divulgou uma queda de 19,4% para 17,1% na desocupação em 2021, usando como recorte o quarto trimestre do ano. Mas não há o que comemorar. Além da escalada do desemprego, a renda caiu, a informalidade disparou e a precariedade do trabalho aumentou. 

Se no período da implantação dos grandes empreendimentos no Complexo de Suape, entre 2007 e 2014, falava-se em pleno emprego em Pernambuco; a chave virou e o Estado se transformou no campeão nacional do desemprego. Pelos dados do IBGE, em 2012 a taxa local de desocupação era de um dígito (9%) em 2012, na recessão de 2015-2016 chega a 10% e 14,8%, respectivamente, e depois vai escalando, chegando a dobrar num intervalo de 6 anos, entre 2015 e 2021.  

Pernambuco também é um Estado que se caracteriza por um grande número de empregados sem carteira assinada e, consequentemente, sem proteção social. A informalidade vem avançando ano a ano e em 2021 alcançou taxa recorde de 51,9%. O índice é reflexo da falta do emprego formal, que faz com que as pessoas procurem trabalhar por conta própria.  Entre 2016 e 2021, a informalidade passou de 47,6% para quase 52%. 

Não bastasse a precariedade do emprego, o pernambucano ainda está ganhando menos. Enquanto em 2012 o rendimento médio do trabalho era de R$ 2.137; no ano passado fechou em R$ 1.837. O período de maior retração aconteceu entre 2014 (antes da recessão) e 2021, com uma queda de 22,5%. Além da perda do poder de compra, o pernambucano também aparece na lista dos brasileiros mais endividados. 

A pandemia da covid-19 também foi responsável pela precarização do emprego e pelo aumento da desocupação, em função do fechamento de setores econômicos para garantir o distanciamento social e reduzir os níveis de contaminação. Os trabalhadores domésticos estão entre as categorias profissionais que foram prejudicadas pelos efeitos negativos da pandemia. As trabalhadoras que haviam conquistados alguns benefícios trabalhistas voltaram a ter a atividade prejudicada por conta das contratações sem carteira assinada. 

DESIGUALDADE HISTÓRICA

E o que explicaria o fato de Pernambuco ter a pior situação do Brasil em relação ao emprego? O Estado tem um histórico de desigualdade social com reflexos no mercado de trabalho. É grande o número de pessoas que não está apta a ocupar vagas em uma economia que se digitaliza. E o trabalho formal traz consequências para o futuro dos trabalhadores no que diz respeito à aposentadoria e outros benefícios sociais. 

A gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, explica que a queda do desemprego no quarto trimestre não quer dizer muita coisa. “Os dados do último trimestre de 2021, com queda no número de pessoas desocupadas e aumento dos trabalhadores informais e dos subocupados, mostra que as novas vagas criadas ainda são precárias, o que é confirmado pela redução no rendimento médio do estado. É importante lembrar também que o último trimestre do ano tradicionalmente registra uma queda na taxa de desocupação em função das vagas temporárias criadas no fim do ano, especialmente nos setores de comércio e serviços”, alerta.

A análise das estatísticas pode dizer muitas coisa, depende de como se quer usá-las. Mas o termômetro dos dados apresentados pelo IBGE está nas ruas, com pais de família pedindo comida com placas ajoelhados nos sinais, ou apelando pela solidariedade das pessoas dentro dos supermercados ou nas mais diversas formas de manter a sobrevivência. Todos repetem uma frase em comum: estou desempregado (a). A solução para atacar o desemprego é alavancar a economia.  

BRASIL

No País, o desemprego subiu em 2020 mas caiu no ano passado, saindo de uma taxa de 13,8% para 13,2%. Na sexta-feira (18), o IBGE divulgou uma taxa de 11,2% de desocupação no Brasil, no trimestre terminado em janeiro. Os dados regionais ainda não foram divlgados, mas a tendência nacional é de queda. O País tem 12 milhões de desempregados.

 

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