A intenção de consumo das famílias pernambucanas está estagnada. O índice manteve-se estável na média dos últimos 6 meses (desde abril). Nesse sentido, o ICF-PE vem sinalizando certa estagnação no ímpeto de compras em dois trimestres consecutivos, ou seja, de abril a junho e de julho a setembro, evidenciando que apesar da sazonalidade, a perda de renda ainda trava o consumo.
Segundo o recorte local realizado pela Fecomércio-PE, o índice de Intenção de Consumo das Famílias pernambucanas (ICF-PE) oscilou ligeiramente para cima em setembro, voltando ao patamar observado em junho e julho deste ano, chegando ao ao resultado de 82,3 pontos.
Mesmo com uma recuperação ocorrida desde agosto de 2021 até abril de 2022, dando espaço para uma estagnação até então, o índice ainda se encontra abaixo do nível observado no período pré-pandemia, quando superava 85 pontos, e muito aquém do nível considerado de otimismo para o consumo, que é de 100 pontos ou mais.
Entre os fatores que explicam a estagnação do indicador, ressaltam as incertezas sobre os rumos da economia nos próximos meses, especialmente após a eleição presidencial, cujo rumo traz diferentes expectativas às classes de consumidores, sobretudo quanto à condução de políticas para geração de emprego, distribuição de renda e incentivos ao consumo.
Nos próximos meses, em função desse ambiente de incertezas, a tendência é de que o índice de consumo permaneça estável ou volte a avançar apenas lentamente.
O avanço nos meses anteriores, principalmente entre maio e julho, estiveram muito atrelados ao movimento do mercado de trabalho formal, que passou a registrar bons resultados no estado, com saldo positivo de empregos (admitidos subtraídos de desligados) em todos os setores.
Apenas dois subíndices do ICF-PE se encontram no patamar de satisfação ou otimismo (100 pontos ou mais), e entre eles se encontra o subíndice que aborda a situação atual da empregabilidade, que alcançou 101,4 pontos em setembro, com avanço de 1,2% na comparação com agosto e de 24,7% na comparação com setembro do ano anterior.
Mas apesar da retomada, a informalidade ainda representa 52% da população ocupada do Estado, segundo o último dado apresentado pela Pnad Contínua, o que gera maior incerteza de renda e inibe o maior efeito que a geração de empregos traz sobre a renda e consequente consumo das famílias.
O resultado, conforme a avaliação da Fecomércio, é que o desempenho no mercado de trabalho não tem sido suficiente para melhorar substancialmente a situação financeira das famílias.
Com geração massiva dos postos de trabalho por meio do setor de serviços, aponta-se que a retomada do emprego tem sido de menor nível salarial, além da própria renda menor daqueles que estão na informalidade, com todos ainda assim sendo afetados pela alta consistente de preços ao consumidor, a inflação medida pelo IPCA, desde o segundo semestre de 2020.
Com a carestia, as famílias continuam apontando a possibilidade de continuar realizando gastos com o uso de crédito, fato que é corroborado pelo resultado do subíndice que aborda a propensão a compras a prazo, outro componente que superar os 100 pontos.
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