Mercado não é monstro ou entidade, é máquina que aloca recursos, diz Campos Neto

Durante participação em evento na Bloomberg, ele voltou a dizer que a disciplina fiscal e a preocupação social devem caminhar juntas, e é preciso mostrar a investidores essa convergência
Agência Estado
Publicado em 18/11/2022 às 23:03
APELO Campos Neto reforçou que a disciplina fiscal ande com a social Foto: NE10


Após críticas do presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à reação na Bolsa das declarações sobre responsabilidade fiscal, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (18) que o mercado não é um monstro, mas sim uma máquina que aloca os recursos da economia.

Durante participação em evento na Bloomberg, ele voltou a dizer que a disciplina fiscal e a preocupação social devem caminhar juntas, e é preciso mostrar a investidores essa convergência.

"Se acreditarmos que convergência não acontecerá por fiscal, vamos reagir", adiantou o presidente do BC.

Ele observou que a população pobre é a mais prejudicada quando as condições são adversas.

"É importante ter disciplina fiscal e olhar para o social", reforçou Campos Neto. "O Brasil tem o desafio de comunicar que tem disciplina fiscal", acrescentou, destacando que a incerteza, além de restringir o espaço para gastos, exerce papel relevante na nossa ação da autoridade monetária.

SUBSÍDIOS

O presidente do Banco Central afirmou ainda que subsídios ao crédito, como os que marcaram a gestão da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), afetam o arcabouço fiscal, com implicações na política monetária. Durante a participação no evento da Bloomberg, Campos Neto observou que o crédito subsidiado tem impacto no juro neutro.

"Se voltarmos a ambiente em que bancos públicos fazem muito crédito subsidiado, mudaria nosso arcabouço", comentou o presidente do BC.

Ao destacar diversas vezes o ambiente de elevadas incertezas, o presidente do BC declarou que, diante das notícias sobre a vontade do governo de gastar mais do que o esperado, é preciso aguardar o que será aprovado.

"Será importante não apenas o arcabouço fiscal, mas também as expectativas do mercado sobre esse novo arcabouço. Temos que aguardar", afirmou Campos Neto.

O presidente do BC também pediu diversas vezes que a disciplina fiscal caminhe junto com a responsabilidade social. Ele disse que muitas vezes os países que tentam fazer mais em programas sociais acabam "fazendo menos", dado o impacto das incertezas fiscais nos preços.

"Você acaba tendo uma desorganização nos mercados e, no fim, afeta mais aqueles que desejava ajudar", declarou o presidente do BC. "É um desafio, não só no Brasil, mas também em outros países, ser responsável fiscalmente e endereçar o problema social", acrescentou.

 

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