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Petrobras anuncia plano com ampliação de investimentos e reduz expectativa com venda de ativos

Petrobras tem sido pressionada pela equipe de transição do novo governo Lula a rever desinvestimentos

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Lucas Moraes

Publicado em 30/11/2022 às 22:20 | Atualizado em 30/11/2022 às 22:46
Entenda a decisão do ministro do STF - FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

Com Estadão Conteúdo

A Petrobras divulgou nesta quarta-feira (30) seu Plano Estratégico para o período 2023-2027, que projeta investimentos de US$ 78 bilhões, alta de 15% em relação ao plano anterior (2022-2026), de US$ 68 bilhões.

A estatal manteve foco na área de Exploração e Produção (E&P), que ficará com 82% do total a ser investido. O pré-sal continua como o grande foco, representando 67% do total dos recursos de E&P.

A frente de exploração de petróleo e gás vai receber US$ 6 bilhões nos próximos cinco anos, sendo a metade disso, US$ 3 bilhões para a Margem Equatorial, nova fronteira que a companhia planeja explorar ainda a partir de 2022. Para isso, a empresa aguarda licenciamento ambiental do Ibama.

O investimento na área de refino e gás natural entre 2023 e 2027 totaliza US$ 9,2 bilhões. Metade do montante, informou a companhia, deve ser destinado à expansão e aumento de eficiência

A estatal informou também o valor das despesas com afretamento e aquisição de plataformas. No total, serão investidos US$ 20 bilhões nessa frente nos próximos cinco anos. O recurso é contabilizado como dívida por regras contábeis, mas, na prática, não deixa de funcionar como investimento em serviços.

Já os desinvestimentos foram estimados entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões no quinquênio, abaixo da última estimativa, que mirava algo entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões.

Dentre os investimentos previstos para os próximos cinco anos, US$ 64 bilhões (83% do CAPEX) serão alocados na área de Exploração e Produção. A maior parte será destinada a projetos no pré-sal, que responderá por 78% de toda a produção da Petrobras em 2027. A companhia projeta atingir em cinco anos a marca de 3,1 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia. Para isso, nesse período, entrarão em produção 18 novos FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência) em oito diferentes áreas, das quais cinco unidades devem iniciar a operação até 2023.

A área de Refino e Gás Natural também terá uma ampliação do seu CAPEX, em cerca de 30% em relação ao plano anterior, totalizando US$ 9,2 bilhões entre 2023 e 2027. Cerca da metade será aplicado na expansão e aumento da qualidade e eficiência do refino. A Petrobras segue assim focando na eficiência operacional e energética de suas unidades de refino, por meio do programa RefTop, e em produtos de maior qualidade, por meio do aumento da capacidade de produção de Diesel S-10 (com baixo teor de enxofre) e produtos com menor pegada de carbono, com destaque para os investimentos em biorrefino.

O plano prevê investimentos em oito novas unidades de processamento, além de seis obras de adequações de grande porte em unidades já existentes. Com esses projetos concluídos, prevê-se aumento de capacidade de processamento e conversão do refino da Petrobras em 154 mil de barris por dia (bpd) e a capacidade de produção de Diesel S-10 será ampliada em mais de 300 mil bpd.

 Haverá ampliação também nos projetos do Programa BioRefino, com destaque para o Diesel R, o diesel com conteúdo renovável da Petrobras. A capacidade de produção, por coprocessamento, chegará em 2027 a 154 mil bpd de Diesel R5 (com 5% de conteúdo renovável), por meio da expansão do coprocessamento na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, e início do coprocessamento nas refinarias Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC) e Refinaria de Paulínia (REPLAN), ambas em São Paulo, e na Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Rio de Janeiro.

Na área de Gás e Energia, o plano destaca a continuidade da estratégia de comercialização do gás próprio, com ações comerciais alinhadas aos aumentos de capacidade, resultantes dos investimentos em expansão da infraestrutura e da oferta própria de gás natural.

 No quinquênio 2023-2027, a área de Comercialização e Logística intensificará a sua atuação em mercados estratégicos no Brasil, segundo a companhia, ao mesmo tempo em que seguirá expandindo e fortalecendo sua atuação no mercado externo com a captação de novos clientes e permanente busca das melhores oportunidades de valorização de seus petróleos e produtos.

Outro foco da área é a otimização da infraestrutura logística com a remoção de gargalos no escoamento de produtos e petróleos, otimização de estoques e redução nos índices de emissões da frota. O CAPEX da área previsto no plano é de US$ 1,6 bilhão.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, avalia que o planejamento estratégico da Petrobrás 2023/2027, divulgado nesta quarta-feira, 30, pela empresa, será revisto pelo governo Lula, para incluir investimentos em aumento da capacidade de refino, em projetos de transição energética, com estímulos a fontes renováveis, como biocombustíveis, e encomendas à indústria naval brasileira, com a construção de plataformas e embarcações no país, gerando emprego no Brasil.

“O novo plano deve ser realizado a partir das orientações e prioridades estratégicas dos representantes do novo governo”, diz Bacelar, que é também membro do Grupo de Trabalho (GT) de Minas e Energia, do governo de transição.

Ele lamentou o fato de o planejamento estratégico anunciado hoje não ter deixado explícito o compromisso de suspender o processo de privatizações até o final da atual administração.

Na última segunda-feira (28), em reunião com o presidente da Petrobrás, Caio Paes de Andrade, representantes do GT pediram a suspensão das privatizações e o cancelamento do processo de conclusão (denominado “closing”) da venda da Refinaria do Amazonas (Reman) e demais ativos com closing previsto até 31 de dezembro. Requerimento semelhante foi feito pela FUP no início do mês, por meio de ofício a Paes de Andrade e conselheiros da companhia.

 “O closing da Reman, realizado na data de hoje, 30 de novembro, tinha que ser suspenso. É um absurdo concluir essa operação de forma açodada, no apagar das luzes de um governo especialista em vender o patrimônio público brasileiro a preço de banana”, afirmou o dirigente da FUP.

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