O mundo tem enfrentado, no mês de janeiro, a falta de ovo de galinha nas prateleiras de supermercados. Além disso, o alto preço dos ovos tem gerado preocupação nos consumidores.
A crise que afeta o ovo envolve uma série de fatores e tem explicações diferentes para cada local. Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Nova Zelândia estão entre os países que registraram a escassez de ovo.
Nos EUA, o motivo da falta de ovos foi um surto de gripe aviária. Lá, a crise fez com que aumentasse o número de apreensões de ovos contrabandeados na fronteira com o México.
A diretora de Operações de Campo de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) em San Diego, Jennifer De La O, divulgou a informação pelo Twitter.
"Como lembrete, é proibida a entrada de ovos crus do México nos Estados Unidos. A não declaração de itens agrícolas pode resultar em multas de até US$ 10.000 (R$ 51 mil)", alertou.
Na Europa, além da doença que afeta as galinhas, houve alta no custo de grãos e da energia elétrica por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Já na Nova Zelândia, uma mudança na legislação envolvendo a restrição de criação de aves poedeiras em gaiolas elevou os custos de produção.
O processo começou em 2012 e tinha como limite de adaptação o dia 1º de janeiro de 2023. Com o aumento da demanda, os produtores ainda não conseguiram acompanhar.
Por enquanto, não há previsão de falta de ovo no Brasil. O país é o sexto maior produtor de ovos do mundo e não houve surto de gripe aviária por aqui.
No entanto, o preço do ovo deve continuar alto no mercado brasileiro. Dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apontam que o ovo de galinha aumentou 18,45% em 2022.
O consumo do ovo também subiu no País: em 2007, o consumo era de 131 unidades por brasileiro por ano, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em 2021, a ingestão per capita anual subiu para 257.
Vice-presidente da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), um dos estados que mais produz ovos no Brasil, Josimário Florêncio aponta que o preço do ovo passou cerca de sete anos estagnado, e o aumento foi necessário por causa da alta nos preços da matéria-prima.
"Nos últimos três anos, houve aumento no preço de matéria prima em 300%. Uma saca de milho custava R$ 30, hoje custa R$ 90. A saca de soja custava R$ 70, hoje custa R$ 200. No mesmo período, o ovo cresceu menos da metade do que cresceram as suas matérias-primas, que alimentam as galinhas que fazem produzir o ovo", lamentou, em entrevista à Rádio Jornal.
Florêncio também lembra que o setor, assim como as demais áreas econômicas, foi impactado pela pandemia da covid-19.
Atualmente, de acordo com o representante da Avipe, são produzidos mais de 14 milhões de ovos por dia em Pernambuco, dos quais 8 milhões têm origem no município de São Bento do Una, na região Agreste, que enfrenta a estiagem há anos.
Avicultor no município, Fernando Vilela conta que utiliza cerca de 180 toneladas de ração e mais de 400 mil litros de água por semana. A granja dele tem espaço para 240 mil aves, o que torna difícil a tarefa de manter a produção com a qualidade adequada com os atuais custos.
"A dificuldade maior é em relação aos preços dos insumos, porque praticamente tudo o que as aves consomem vem de outros estados. Aqui temos apenas a água, com dificuldades, indo buscar a 40 km de distância, e o calcário", contou.
*Com informações do UOL e TV e Rádio Jornal