A pesca ilegal (não declarada e não regulamentada) gera prejuízo de US$ 50 bilhões ao planeta, segundo estudo da Financial Transparency Coalition (FTC), publicado na revista Science Advances. Além das perdas financeiras, sobretudo aos países em desenvolvimento, a atividade clandestina também é responsável pela destruição de boa parte do ecossistema marinho.
O navio da Guarda Costeira dos Estados Unidos, USCGC Stone (WMSL 758) é um dos responsáveis pelo combate às atividades marítimas ilícitas no mundo. No dia 17 de janeiro, a embarcação deixou os Estados Unidos numa mutimissão programada no Atlântico Sul, com prazo de quatro meses. Na segunda-feira (30), o navio atracou no Porto de Suape.
A parada no porto pernambucano foi para reabastecer, para garantir um período de descanso aos tripulantes e por questões logísticas, mas também para promover a interação com a Marinha do Brasil e outros parceiros de instituições brasileiras.
O Capitão dos Portos do Recife, Frederico Albuquerque, diz que dois oficiais locais estão embarcados no USCGC Stone para aprender sobre tecnologia de combate à pesca ilegal. "O Stone utiliza drones de reconhecimento de longo alcance e com inteligência artificial para realizar vigilância de pesca nas suas multimissões. O esquadrão no Brasil também opera com esse tipo de drone e os oficiais poderão aprender um pouco mais nessa parceria com os americanos", observa.
USCGC Stone é uma embarcação recente e está em sua terceira missão. O comandante do navio, Clinton Carlson, diz que após a parada em Pernambuco, seguirá para a Argentina (Ilhas Malvinas), depois para o Uruguai e, em seguida, para o Rio de Janeiro. Durante os quatro meses da multimissão, o Stone ficará dois terços em águas brasileiras e caribenhas.
O comandante Carlson explica que o trabalho do Stone é detectar a pesca ilegal e reportar à Marinha. "Quando percebemos embarcações com radar desligado, numa tentativa de não ser localizada, por exemplo, avisamos às autoridades locais. Não temos autorização para abordar ou parar os barcos. Nosso trabalho é avisar à Marinha", explica.
O Stone foi enviado pela última vez ao Atlântico Sul de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, em apoio à Operação Cruzeiro do Sul, na qual os dois países alavancaram o memorando de entendimento de compartilhamento de informações da Guarda Costeira dos EUA e Brasil, e operacionalizaram perspectivas estratégicas sobre pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU-F) da Guarda Costeira americana, publicado em setembro de 2020.
“Esta repetição da Operação Cruzeiro do Sul busca aprofundar nossas parcerias internacionais e entre agências”, afirma Carlson. “Embarcamos mais equipes da Marinha dos EUA e do Corpo de Fuzileiros Navais, além de representantes da Marinha do Brasil para aprimorar nossas capacidades. Ao alavancar nossas conexões em casa e no exterior, fornecemos uma equipe flexível, móvel e integrada capaz de fazer cumprir as leis internacionais, garantir a segurança regional e proteger o acesso livre e aberto ao mar para todas as nações que cumprem a lei.”
Os Estados Unidos e o Brasil têm relações ativas e cooperativas que abrangem uma ampla gama de interesses políticos e econômicos compartilhados internacionalmente. Dez acordos bilaterais, assinados em março de 2011 e mais cinco assinados em abril de 2012, codificaram o compromisso compartilhado das nações com a segurança marítima e ambiental no Oceano Atlântico.
Os dois países participam da Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico, que estuda e gere espécies de peixes altamente migratórias e que pode facilitar a aplicação de medidas de conservação e gestão dos peixes abrangidos pela comissão.
Stone é o nono navio de uma classe lendária que atua na segurança nacional como parte da frota da Guarda Costeira, e atualmente fica no porto em Charleston, na Carolina do Sul. Esses navios podem executar as missões de segurança nacional mais desafiadoras, incluindo suporte a comandantes combatentes dos EUA. Ele está sob o comando da Guarda Costeira dos EUA da Área Atlântica.
Com sede em Portsmouth, na Virgínia, a Guarda Costeira supervisiona todas as operações da costa leste das Montanhas Rochosas até o Golfo Pérsico. Além das operações de emergência, também alocam navios para trabalhar com comandos de parceiros e são enviados ao Caribe e ao Pacífico Oriental para combater o tráfico transnacional e atividades marítimas ilícitas.