Haddad espera que nomes para Banco Central não sofram resistência

Ministro da Fazenda indicou seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, e o chefe de Departamento do BC, Ailton Aquino, para as diretorias de Política Monetária e Fiscalização, respectivamente
Estadão Conteúdo
Publicado em 08/05/2023 às 16:54
Haddad reforçou que Galípolo, caso confirmado pelo Senado, já vai assumir a diretoria de Política Monetária neste momento Foto: MINISTÉRIO DA FAZENDA


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 8, que não acredita em resistência aos nomes indicados para o Banco Central. Haddad indicou nesta segunda seu secretário-executivo no ministério, Gabriel Galípolo, e o chefe de Departamento do BC, Ailton Aquino, para as diretorias de Política Monetária e Fiscalização, respectivamente.

"Não acho que terá resistências, são duas pessoas extremamente técnicas, muito bem vistas pelo Congresso Nacional, inclusive. O Gabriel tem transitado no Congresso, negociado agenda da Fazenda, tem boa relação com os presidentes e líderes. Acredito numa tramitação tranquila", disse o ministro, em entrevista coletiva no escritório do Ministério da Fazenda, em São Paulo.

Segundo Haddad, ele ainda não sabe quando a Casa Civil enviará os dois nomes à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, mas disse acreditar que o processo de tramitação será rápido. "Estou anunciando os nomes hoje e não sei quando a Casa Civil encaminhará à CAE. Mas autorizado pelo presidente da República, imagino que rapidamente chegue à CAE", disse.

O ministro da Fazenda afirmou que a indicação de Galípolo vai permitir "maior integração entre as políticas monetária e fiscal". Segundo ele, Galípolo é também a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Estamos procurando entrosamento. Todo mundo sabe do esforço de parte a parte para permitir a coordenação maior das políticas fiscal e monetária, para dar direcionamento único das políticas do País", disse Haddad, sobre a indicação, reforçando que o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentou que a indicação de Galípolo poderia aumentar a integração entre as equipes.

Segundo Haddad, sua equipe tem se reunido com o time do BC. A intenção, disse, é de "buscar convergência plena para dar condições de crescer com inflação baixa". O governo tem feito uma forte ofensiva contra o atual patamar de juros básicos, em 13,75% ao ano.

"A indicação vai nos permitir maior integração e maior coordenação. Vamos dividir informações e responsabilidades. Vamos poder estar mais próximos, vamos fazer chegar nosso ponto de vista, assim como recebemos dos técnicos do BC", disse o ministro, acrescentando que a indicação respeita a lei de autonomia da autoridade monetária.

Haddad ainda reforçou que Galípolo, caso confirmado pelo Senado, já vai assumir a diretoria de Política Monetária neste momento, e não nas vagas do fim do ano, como chegou a ser cogitado.

O ministro da Fazenda rechaçou que a escolha de Galípolo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central seja política, de modo a formar bancada na autoridade monetária a favor do governo.

Segundo Haddad, Galípolo, se confirmado pelo Senado, vai para o BC com a autonomia necessária para cumprir a lei e a missão do órgão, assim como os outros membros da diretoria colegiada da autarquia. Mas disse que o comando é a harmonia entre política monetária e fiscal.

"Não se trata de formar bancada. O Gabriel não é filiado ao PT é pessoa de absoluta confiança, que nunca teve atuação partidária e é conhecida pelo mercado. Eu posso dizer que é uma 'forçação de barra' fazer essa associação como se fosse agir lá sem observar missão do BC", disse Haddad, em entrevista coletiva em São Paulo.

Haddad vai ao Japão

Haddad embarca no período da noite para o Japão, onde participará, a convite, da reunião de ministros de finanças do G7, grupo das economias mais ricas do mundo.

Segundo o ministro, ele vai levar ao grupo questões da região, como a restrição da Argentina a divisas, que se tornou mais grave com a seca que atinge o país. "Penso que é importante o Brasil levar problemas regionais", disse, acrescentando que vai levar questões de democracia e paz, responsabilidade ambiental e sanitária. "Voltar à mesa das principais nações é importante para o Brasil."

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