TAXA DE JUROS

Banco Central reduz Selic e sinaliza para manutenção do ritmo de corte

Na avaliação do Copom, um ritmo de queda de 0,50 ponto continua sendo "apropriado para manter a política monetária contracionista necessária"

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com agências, Da Redação

Publicado em 20/09/2023 às 20:58 | Atualizado em 20/09/2023 às 23:27
Com a nova baixa, o País finalmente deixou a liderança global dos juros reais (descontada a inflação)
Com a nova baixa, o País finalmente deixou a liderança global dos juros reais (descontada a inflação) - Rafael de Matos Carvalho

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o combinado na última reunião e reduziu pela segunda vez seguida a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 12,75% ao ano, em decisão unânime.

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Com a nova baixa, o País finalmente deixou a liderança global dos juros reais (descontada a inflação) - foco das críticas do governo, políticos geral e empresários. O Brasil ocupava o posto ininterruptamente desde maio de 2022, quando a Selic, ainda no ciclo de alta, chegou justamente ao mesmo patamar adotado nesta quarta-feira, 20.

Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,40% e agora figura em segundo entre os campeões do mundo, atrás do México (6,61%). Em terceiro, aparece a Colômbia (5,10%). A média das 40 economias pesquisadas é de 1,06%. Nas contas do BC, o juro neutro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é de 4,5%.

Conforme a sinalização dada no encontro anterior, em agosto, a queda da Selic para 12,75% já era amplamente esperada.

EXPECTATIVA

Em agosto, o comitê afirmou que seus membros, unanimemente, consideravam esse ritmo o mais adequado para as próximas reuniões, apesar da decisão dividida e apertada no corte inaugural da Selic (5x4), de 13,75% para 13,25% ao ano.

Para mudar esse quadro, o BC indicou ser preciso uma melhora significativa da dinâmica desinflacionária. Há preocupações ainda com os juros mais altos no exterior e com as incertezas fiscais no País.

As expectativas de inflação no Boletim Focus ficaram relativamente estáveis entre os dois encontros do comitê. Para 2023, passou de 4,84% para 4,86%. Para 2024, principal foco da política monetária, variou de 3,89% para 3,86% e, para 2025, que tem peso minoritário nas decisões, ficou em 3,50%.

CICLO DE QUEDAS

Apesar de não ter citado a evolução da questão fiscal entre os fatores de risco para a inflação, o Copom dedicou um parágrafo no comunicado divulgado após sua reunião para destacar a importância de o governo cumprir as metas de resultado primário já estabelecidas, sob o risco de limitar a queda da taxa básica de juros.

Enquanto o mercado tem levantado dúvidas sobre a capacidade de a equipe econômica atingir a meta de déficit primário zero fixada para 2024, o Copom destacou a relação entre esse objetivo e a convergência da inflação futura para patamares menores.

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", destacou o colegiado.

A manutenção da meta de déficit zero no próximo ano tem enfrentado resistências de parte de integrantes do próprio governo e ainda no Congresso, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem afirmado que ela é importante para indicar o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas. Para atingir a meta, porém, o governo ainda tenta garantir pelo menos R$ 168 bilhões em receitas extras.

Ainda no comunicado, o colegiado voltou a prever para as próximas reuniões novos cortes na mesma intensidade - ou seja, de 0,50 ponto porcentual.

Na avaliação do Copom, um ritmo de queda de 0,50 ponto continua sendo "apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". No texto, o Copom não dá informações sobre o tamanho total do ciclo de queda dos juros.

SITUAÇÃO DO CRÉDITO

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou que a redução da taxa Selic em 0,5 ponto porcentual traz sinais positivos para a economia do País, para as famílias e para as empresas. Segundo ele, o corte indica um mercado de crédito menos pressionado à frente.

"A segunda queda consecutiva da Selic, agora em decisão unânime do Copom, representa um estímulo importante para as famílias, empresas e agentes econômicos, ao apontar para um mercado de crédito com menor pressão das condições financeiras e da inadimplência", disse Sidney em nota.

O presidente da Febraban afirmou ainda que o ciclo de restrição monetária que começa a ser revertido levou a um "gradual e consistente" processo de desinflação na economia brasileira.

Logo após o Copom divulgar a decisão de corte da Selic, Caixa e Banco do Brasil anunciaram a redução dos juros de uma série de linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas. O Bradesco informou que avalia o cenário. Outros bancos privados ainda não informaram se farão movimento similar.

 

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