SUSTENTABILIDADE

ESCOLA DE SARGENTOS EM PE: Setores buscam consenso, mas ainda faltam solucionar várias divergências

Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta segunda-feira (27) foi marcada por muitos desentendimentos, mas servir para aprofundar discussões sobre o projeto

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Adriana Guarda

Publicado em 27/11/2023 às 19:51 | Atualizado em 27/11/2023 às 19:52
Audiência Pública na Alepe foi marcada por opiniões divergentes, numa tentativa de que a Escola de Sargentos do Exército seja instalada dentro da legislação ambiental - Divulgação

A discussão não é mais sobre acolher ou rejeitar a instalação da Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco. Vários setores reconhecem a importância do empreendimento de R$ 1,74 bilhão e que vai gerar 30 mil empregos diretos e indiretos no Estado. Na audiência pública, realizada nesta segunda-feira (27) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o debate gravitou em torno de apresentar alternativas de locais, dentro do próprio município de Paudalho, para evitar que a construção dos equipamentos infrijam a legislação ambiental. 

Longa, a audiência durou duas horas e quarenta e três minutos. O deputado e coordenador da Frente Parlamentar de Implantação da Escola de Formação de Sargentos de Carreira do Exército em Pernambuco, Renato Antunes (PL), teve trabalho para conter os ânimos e chegou a dizer que não ia deixar tranformar a audiência em um "circo". 

Considerada a maior questionadora do impacto ambiental da ESE, a APA Aldeia Beberibe foi a primeira a se posicionar, por meio de seu representante Herbert Tejo. "Nós queremos a Escola de Sargentos e não somos contra ela. Estamos contribuindo para a construção de um entendimento. Trazemos um conjunto de informações para colaborar com um acordo que viabilize a construção do empreendimento com ganhos sócioeconômicos e a manutenção do meio ambiente", afirma.   

PRECISA MANTER DISTÂNCIA DA CHAPADA

Tejo explica que a legislação ambiental exige uma distância de pelo menos 100 metros das bordas dos tabuleiros costeiros (chapadas) para fazer qualquer construção. Isso interfere na implantação do projeto do Exército, que projetou o empreendimento naquele local. Livrando a área de proibição ambiental, restam 96 hectares para implantação, enquanto o Exército precisa de 188 hectares. O restante teria que ser relocacionado. 

A APA Aldeia Beberibe apresentou alternativas locacionais e sugeriu que o Arco Metropolitano seria uma alternativa de mobilidade. Mas, segundo a corporação, as possibilidades não contemplam o Exército. As dificuldades estariam, principalmente, no Pátio de Tiros, na distância para o Recife e na dificuldade de tirar o Arco Metropolitano do papel. 

SEM CONFIANÇA NO ARCO METROPOLITANO 

O gerente de projetos da Escola de Sargentos, general de divisão do Exército Juarez, agradeceu as contribuições de Herbert Tejo, mas disse que as sugestões apresentadas não atendem ao projeto. "Infelizmente a questão locacional não nos atende naquela área no Norte. Isso porque o Pátio de Tiros precisa de um local específico, além dos incovenientes sociais", afirmou. 

O general questiona a dificuldade na mobilidade para que as pessoas possam acessar o hospital do Exército, por exemplo, e outros equipamentos que ficam no Recife. "Precisamos ficar próximos a uma cidade de grande ou médio porte que possa nos dar suporte. Aceitando essas localizações oferecidas, percorreríamos 140 km para ir e voltar do hospital", observa. Ele aponta que as alternativas de saída da Escola de Sargentos do Exército seriam pela PE-041, a BR-408 ou a BR-232, o que daria essa alta média de 70 km por trecho. 

Outra alternativa apontada pelos ambientalistas que não criou eco entre os representantes do Exercito foi a construção do Arfco Metropolitano. "Eu não posso associar a construção de um empreendimento a um arco metropolitano que vem sendo discutido há mais de 10 anos e sequer tem um traçado planejado, consensuado. Por isso, estamos mais confiantes na recuperação na estrada de Mussurepe (em Araçoiaba/Paudalho) para garantir mobilidade, como contrapartida do governo do Estado", diz. 

GOVERNO NÃO QUER PERDER 

Por volta da metade deste ano, o governo de Pernambuco criou um Grupo de Trabalho (GT) para discutir a implantação da Escola de Sargentos do Exército.  Secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e coordenadora do GT, Ana Luiza Ferreira, deu o recado de que o governo de Pernmabuco não abre mão do meio ambiente nem do empreendimento, numa demonstração de que é preciso buscar o entendimento. 

"Ninguém é contra a instalação da Escola de Sargentos em Pernambuco, a não ser os outros Estados. Um investimento de R$ 1,7 bilhão capaz de trazer um novo ciclo de desenvolvimento econômico para o Estado, que tem metade da sua populaçãoa vivendo abaixo da linha de pobreza e 25% das pessoas na miséria", destaca. 

Tendo realizado três reuniões, o GT é um espaço para discutir problemas complexos e buscar soluções e convergências. Nesta segunda-feira, após a audiência pública, a secretária adiantou que participou de reunião como Exército para discutir as contrapartidas do governo, que incluem reformas de estradas, fornecimento de água e energia e outros compromissos. 

DESENVOLVIMENTO NECESSÁRIO

Também presente na audiência pública, o secretário de Desenvolvimento de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, lembrou o momento de letargia pelo qual vinha passando a atração de negócios e a aplicação de investimento em obras nos últimos anos, incluindo infraestrutura rodoviária. "Aquela região precisa de empreendimentos", fazendo referência à Escola de Sargentos e aos benefícios que ela trará.   

 

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