Quase todo o gesso do Brasil (97%) é produzido no Sertão Pernambucano. Os municípios de Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Santa Filomena e Trindade integram o Polo Gesseiro, responsável pela fabricação da gipsita (matéria-prima do gesso). Há anos, empresários do setor aguardam a chegada do gás natural como solução para substituir a lenha e reduzir o desmatamento na região.
Nesta terça-feira (6), a governadora Raquel Lyra esteve em Araripina, acompanhada da vice Priscila Krause para anunciar a chegada do gás natural no Polo Gesseiro. Com investimento inicial de R$ 6 milhões, o projeto piloto começa em abril. A Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) passará a abastecer o Polo, contribuindo para melhorar a sustentabilidade na produção.
Para incentivar as empresas da região a utilizar o gás natural, o Governo do Estado zerou o ICMS do gás que será vendido às indústrias do gesso. A região tem capacidade para consumir cerca de 320 mil metros cúbicos de gás natural por dia. Isso equivale a 20% do volume distribuído hoje pela Copergás e superior a outras distribuidoras de gás natural. A Companhia irá recolher cartas de adesão ao novo projeto.
DESMATAMENTO DA CAATINGA
As empresas dos seis municípios que compõem o Polo usam lenha, matriz energética escassa e que atualmente promove o desmatamento da Caatinga. Com a adoção do gás natural, a indústria local será mais sustentável ambientalmente, com uma combustão mais limpa.
A chegada do gás ao Polo Gesseiro é uma reivindicação antiga do setor, que viu o insumo chegar primeiro em Garanhuns e Petrolina, durante a gestão do ex-governador Paulo Câmara. Em 2021, o então governo anunciou um estudo para levar o gás ao Sertão do Araripe, mas o projeto não avançou.
“Cada território precisa viver das suas próprias potencialidades, e assim é o gesso aqui no Araripe. Aqui teremos gás com ICMS zero para garantir que essa região amplie seu desenvolvimento e gere mais e mais empregos com nosso investimento inicial de cerca de R$ 6 milhões. Concretizar essa demanda histórica e mudar a matriz energética do Polo Gesseiro vai ajudar a preservar nossa caatinga. As agendas de meio ambiente e desenvolvimento sustentável se uniram e estão alinhadas na nossa gestão”, destacou Raquel Lyra.
A vice-governadora Priscila Krause ressaltou que a chegada do gás natural ao Araripe representa uma verdadeira guinada para o Polo Gesseiro. “Primeiro, ao garantir uma melhor competitividade às empresas da região no mercado de gesso, por ter acesso ao gás natural mais barato do Brasil. E, segundo, pela sustentabilidade e o diálogo com o nosso Plano Pernambucano de Mudança Econômico-Ecológica, o PerMeie, substituindo a lenha por uma matriz energética mais limpa e segura”, frisou.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Guilherme Cavalcanti, os produtores não terão limites para produção, também podendo trazer outras empresas para fabricar no Sertão do Araripe. “Isso representa uma vitória de mais de 30 anos de espera por uma mudança de matriz energética que possa preservar a caatinga, garantindo que possam parar de usar a lenha como combustível. É uma mudança de realidade e tempo para Araripina”, afirmou.
Segundo o presidente da Copergás, Felipe Valença, com o início das obras no final do ano, a partir do primeiro semestre de 2025 já terá a base operacional. “Estimamos que, nesse primeiro momento, ao menos 30 empresas adaptem sua queima energética para o gás natural, representando R$ 20 milhões na economia por ano, apenas nessas empresas”, enfatizou.
“Essa iniciativa da governadora tira o polo gesseiro da idade média e traz para a contemporaneidade. É um feito extraordinário e só temos que comemorar”, falou o prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel, que esteve acompanhado da deputada estadual Socorro Pimentel.
A Copergás tem a intenção de construir um terminal de regaseificação no Araripe para viabilizar o projeto. Uma estrutura semelhante já está instalada nos municípios de Petrolina, no Sertão do São Francisco, e em Garanhuns, no Agreste.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Gesso de Pernambuco (Sindusgesso), Jefferson Duarte, a chegada do gás marca um novo momento no Sertão do Araripe. “Esse é um momento histórico para o polo gesseiro, que precisa de um olhar clínico e atencioso. Trocar a matriz energética com a chegada do gás vai proporcionar investimentos e desenvolvimento na nossa região”, registrou.
FORNECIMENTO DE ENERGIA
Na passaem por Araripina, o Governo de Pernambuco e a Neoenergia também inauguraram uma nova Subestação de Energia no município. O empreendimento recebeu um investimento de R$ 100 milhões e vai promover mais qualidade, confiabilidade e continuidade para cerca de 360 mil pessoas que residem nos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri, Bodocó, Exu, Parnamirim, Santa Cruz, Granito e Moreilândia.
“Com maior capacidade e qualidade no fornecimento de energia, a partir da inauguração da subestação Araripina II, a região vai ser propícia para atração de novos empreendimentos, garantindo mais emprego e renda para a população”, registrou a governadora.
“Essa subestação proporcionará mais desenvolvimento para a região na medida em que traz mais abastecimento elétrico, melhorando a qualidade do fornecimento”, pontuou o presidente da Neoenergia Pernambuco, Saulo Cabral.
HOSPITAL DO CÂNCER DO ARARIPE
A programação pelo Sertão do Araripe incluiu, ainda, uma visita às obras do Hospital do Câncer do Sertão do Araripe, que está sendo construído pelo Instituto Social Medianeiras da Paz. A unidade de saúde beneficiará pacientes de 11 municípios da região.
Acompanharam as agendas em Araripina os prefeitos Helbinha Rodrigues (Trindade), Chico Siqueira (Ipubi), Ricardo Ramos (Ouricuri) e Eliane Soares (Santa Cruz); o presidente da Câmara Municipal de Araripina, Roseilton Oliveira; o assessor especial da governadora, Guilherme Coelho; a secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira; o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, André Teixeira; e o presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), José Anchieta.