Os brasileiros ficaram menos endividados na passagem de janeiro para fevereiro, ao mesmo tempo em que a inadimplência também registrou redução. A melhora em ambos os indicadores foi puxada pelas famílias de classe média, apontou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A proporção de famílias com contas a vencer passou de 78,1% em janeiro para 77,9% em fevereiro, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O resultado também é mais baixo que o de um ano antes, em fevereiro de 2023, quando 78,3% das famílias estavam endividadas.
"Esse resultado revela cautela das famílias em buscar crédito, mesmo com o menor custo com juros", avaliou a CNC, na divulgação do estudo.
DÍVIDAS DOS BRASILEIROS
A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A fatia de consumidores com contas em atraso diminuiu de 28,3% em janeiro para 28,1% em fevereiro, o quinto recuo consecutivo, descendo ao menor nível desde março de 2022. Em fevereiro de 2023, a proporção de famílias inadimplentes era mais elevada, 29,8% tinham contas em atraso.
"A tendência de queda da inadimplência também é vista pela redução do porcentual de famílias que não terão condições de pagar dívidas, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes, mostrando uma queda persistente nos últimos quatro meses", frisou a CNC.
SEM CONDIÇÕES DE PAGAR DÍVIDAS
A parcela de famílias que afirmaram não terem condições de pagar as dívidas atrasadas, permanecendo assim inadimplentes, recuou de 12,0% em janeiro para 11,9% em fevereiro. O resultado ainda é mais elevado que o de fevereiro de 2023, quando 11,6% estavam nessa situação.
"Ainda que o grupo de famílias que não terão condições de arcar com as suas dívidas (em atraso) esteja maior do que em fevereiro de 2023, as reduções nos últimos meses são um sinal positivo para o perfil de inadimplência das famílias brasileiras, sinalizando melhoras no grupo mais complexo. O que mostra que a redução da Selic (taxa básica de juros) está auxiliando também os indicadores de inadimplência", avaliou a CNC. "As famílias estão priorizando o ajuste do seu orçamento, corroborando a sinalização da intenção de consumo. Elas estão reduzindo sua busca por crédito, aproveitando o menor nível de juros para amenizar as dívidas em atraso", completou o relatório do indicador.
CLASSE MÉDIA
Na passagem de janeiro para fevereiro, a redução no endividamento e na inadimplência foi puxada pela classe média. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados se manteve em 79,2% em fevereiro, mesmo resultado visto em janeiro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados diminuiu de 80,2% em janeiro para 79,5% em fevereiro No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve redução de 76,4% para 75,8%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.
Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso subiu de 35,6% em janeiro para 35,8% em fevereiro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 26,5% para 26,0%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve redução de 22,7% para 20,5%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes aumentou de 14,4% para 14,6%.