Reforma tributária: cesta básica tem alimentos com isenção total ou parcial; veja listas

Inclusão das carnes na lista de alimentos com isenção total gerou debates internos no governo. Veja a lista de produtos com isenção total ou parcial.

Publicado em 12/07/2024 às 12:30

A reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados da última quarta-feira (10) listou os alimentos da chamada cesta básica nacional que receberão alíquota zero dos novos impostos. Ou seja, esses produtos não serão acrescidos dos novos tributos quando a reforma entrar em vigor ou terão uma taxação menor.

A inclusão da carne nessa lista de produtos gerou polêmica e divergências até mesmo entre membros do governo (entenda mais abaixo), mas no final da votação as proteínas receberam isenção total, a contragosto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em termos gerais, a tributação sobre alimentos deve cair de 11,6% para 4,8%, conforme cálculo do governo.

A reforma tributária, cuja regulamentação ainda será apreciada pelo Senado a partir de agosto, começa a ser implementada gradativamente a partir de 2026 e estará totalmente em vigor em 2033.

Veja a lista de produtos que terão isenção total dos impostos

  • Carnes bovina, suína, ovina, caprina e de aves e produtos de origem animal (exceto foies gras) e miudezas comestíveis de ovinos e caprinos
  • Peixes e carnes de peixes — com exceção de salmão, atum, bacalhaus, hadoque, saithe e ovas
  • Arroz
  • Leite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado, leite em pó, integral, semidesnatado ou desnatado
  • Manteiga e Margarina
  • Ovos
  • Feijões
  • Raízes e tubérculos
  • Cocos
  • Café
  • Óleo de soja
  • Farinha de mandioca
  • Farinha, grumos e sêmolas, de milho, e grãos esmagados ou em flocos, de milho
  • Farinha de trigo
  • Açúcar
  • Alguns tipos de massas alimentícias
  • Pão do tipo comum (contendo apenas farinha de cereais, fermento biológico, água e sal)
  • Sal de mesa iodado
  • Queijos tipo mozarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota, requeijão, queijo provolone, queijo parmesão, queijo fresco não maturado e queijo do reino;
  • Óleo de milho
  • Aveia
  • Outros tipos de farinhas
  • Produtos hortícolas, com exceção de cogumelos e trufas
  • Frutas
  • Plantas e produtos de floricultura para fins alimentares, medicinais ou ornamentais

Veja os produtos que terão 60% de desconto na alíquota dos futuros impostos

  • Crustáceos (exceto lagostas e lagostim)
  • Leite fermentado, bebidas e compostos lácteos;
  • Mel natural
  • Mate
  • Farinha, grumos e sêmolas, de cerais; grãos esmagados ou em flocos, de cereais
  • Tapioca
  • Alguns tipos de massas alimentícias
  • Sucos naturais de fruta ou de produtos hortícolas sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes e sem conservantes
  • Polpas de frutas sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes e sem conservantes
  • Pão de forma
  • Extrato de tomate
  • Outros óleos vegetais

O texto aprovado prevê que as duas listas poderão ser revisadas pelo governo federal a cada cinco anos.

Carne polêmica

Enquanto o presidente Lula defendia a isenção da tributação das carnes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embasado em análises feitas por técnicos da pasta, defendia que as proteínas fossem taxadas.

O ministro desejava que as carnes entrassem no cashback da reforma tributária — ou seja, que famílias de baixa renda recebessem a devolução de 60% dos impostos estaduais e municipais embutidos nas proteínas animais, mas que o resto da população fosse taxada normalmente.

De acordo com a pasta, o impacto da inclusão de proteínas na cesta básica é de 0,53% na alíquota. Eles reconhecem, porém, que a trava colocada na proposta para garantir o máximo de 26,5% de alíquota ajuda.

Após a votação, o ministro Haddad afirmou que, na sua posição, a tendência é ser derrotado em disputas políticas. A declaração foi dada durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, na sexta-feira (12)

"O ministro da Fazenda ou é derrotado ou é parcialmente derrotado, não existe alternativa para ele ganhar nunca. Fui parcialmente derrotado, mas fui o único que conseguiu cobrar alguma coisa".

Ele ponderou que a União não cobra imposto sobre a carne, há incidência de tributos estaduais e reiterou que considerava o cashback uma opção melhor.

Haddad também pontuou que, no Brasil, são os mais ricos que se sentem mais injustiçados, citou como exemplo a cobrança de imposto de renda em fundos exclusivos e offshore e ainda disse que os ricos que têm filhos estudando em Princeton são os que mais se sentem prejudicados.

"Deixa o pobre pagar imposto sobre a carne para financiar os ricos que estão fora do Brasil. Quem está mal acostumado aqui infelizmente é a elite", criticou.

Ao comentar sobre a reforma tributária, Haddad reforçou que existem apenas três formas de se reduzir a alíquota padrão do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA): permitir o mínimo possível de exceções à alíquota-padrão, combater a sonegação, ou tributar a renda, como faz os países membros da OCDE.

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