Entenda os motivos por trás do aumento do preço do café no Brasil
Preço do produto atinge maior valor em 28 anos, pressionado por fatores climáticos, custos de produção e demanda global

O café, um dos produtos mais emblemáticos do Brasil, tem enfrentado uma disparada nos preços, atingindo o maior valor em 28 anos.
O País, maior produtor e exportador mundial de café, com uma produção média de cerca de 60 milhões de sacas por ano, viu o preço da saca de 60 quilos de café arábica alcançar R$ 2.301,60 em janeiro de 2025, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
Especialistas apontam uma combinação de fatores climáticos, custos de produção e aumento da demanda global como responsáveis por essa alta.
Fatores climáticos
O especialista em finanças e estatística Rodrigo Cavalcante, pró-reitor administrativo financeiro do UniFavip Wyden, explica que eventos climáticos adversos têm prejudicado a produção de café no Brasil.
"Fatores climáticos adversos, como secas e chuvas excessivas, prejudicaram a produção, resultando em oferta restrita e elevação dos preços", afirma.
Essas condições impactaram diretamente a safra, reduzindo a disponibilidade do produto no mercado e pressionando os preços para cima.
Custos de produção e logística
Além dos desafios climáticos, outros elementos contribuem para a alta dos preços. A desvalorização do real frente ao dólar e o aumento dos custos de insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, encareceram a produção para os cafeicultores.
"A desvalorização do real frente ao dólar encarece os insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, elevando os custos de produção para os cafeicultores. Adicionalmente, a alta nos preços internacionais do petróleo impacta os custos de transporte e logística, refletindo-se no preço final do produto", explica Cavalcante.
Demanda global e expectativas para 2025
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) destaca que o aumento do consumo global, especialmente com a entrada da China como novo mercado consumidor, também influencia a tendência de alta dos preços.
As expectativas para 2025 indicam que os valores devem permanecer elevados até a colheita da nova safra, prevista para abril ou maio.
Sobre as projeções econômicas para o Brasil em 2025, Cavalcante ressalta: "Ainda, é relevante mencionar que as projeções econômicas para o Brasil em 2025 indicam um crescimento moderado”.
“O Banco Mundial estima um aumento de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o governo brasileiro projeta um crescimento de 2,6% e uma inflação de 3,3% para o ano”, pontua.
“No entanto, o mercado financeiro demonstra cautela, com expectativas de inflação acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos", esclarece.
Dicas para consumidores
Diante desse cenário, o especialista recomenda estratégias para minimizar os impactos dos preços altos.
"É fundamental que consumidores e produtores de café adotem estratégias de planejamento financeiro e gestão de riscos para mitigar os impactos das oscilações econômicas previstas”, fala.
“Assim, recomenda-se às famílias adotarem estratégias para mitigar o impacto no orçamento. Buscar marcas alternativas, aproveitar promoções e considerar a compra de café a granel podem ser medidas eficazes. Além disso, reduzir o desperdício e explorar métodos de preparo que maximizem o rendimento podem auxiliar na economia", completa.
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