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Liberação do FGTS: especialista alerta sobre riscos financeiros e critica controle do governo sobre dinheiro do trabalhador

Economista destaca que brasileiros já usam crédito para despesas básicas e alerta para os riscos de mais um saque emergencial do FGTS

Por JC Publicado em 26/02/2025 às 15:26

Os trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e foram demitidos sem justa causa terão direito a sacar os valores depositados pelos empregadores antes da demissão. A medida provisória (MP), que será publicada pelo governo federal nesta sexta-feira (28), permitirá o acesso aos recursos, conforme confirmou o Ministério do Trabalho e Emprego. A medida traz preocupação a setores como o da construção, cujo FGTS é uma das principais fontes de recursos para a população financiar a casa própria, mas também acende o alerta sobre a rentabilidade do fundo, totalmente controlado pelo governo. 

"Não sou contra o FGTS, mas é o seu dinheiro. O FGTS é um recursos nosso, que a gente não tem opção porque existe um conjunto de regras. Ele é aplicado a uma taxa que rende pouco e sobre a qual a gente não tem nenhum controle. Eu poderia optar no mercado pelos bancos que oferecem as melhores taxas para rendimento do meu dinheiro", criticou o economista Edgard Leonardo, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

ENDIVIDAMENTO E IMPACTO ECONÔMICO

A expectativa do governo é de que a liberação dos valores pode representar um alívio financeiro para milhões de brasileiros, mas também levanta preocupações sobre o alto nível de endividamento no País. A iniciativa deve beneficiar 12,1 milhões de trabalhadores, contemplando aqueles que foram desligados desde janeiro de 2020 até a data da publicação da MP. Podendo injetar R$ 12 bilhões na economia, pelas contas do Executivo.

"A gente tem um problema muito sério, que é o fato de que já somos um País endividado. Nosso caminho é fazer a economia crescer, gerar emprego e renda, mas a gente sempre busca uma forma de emprestar mais dinheiro para um País onde já temos um alto endividamento, onde o volume de recursos da poupança está baixando e as pessoas estão usando financiamento para pagar despesas do dia a dia, fazendo feira parcelado. Isso é muito preocupante. A gente ainda não tem um orçamento votado, não tem uma sinalização positiva da economia e a nossa saída é emprestar o dinheiro do cidadão ao próprio cidadão com juros", disse Edgard.

A preocupação do especialista reforça o alerta sobre o uso consciente dos recursos liberados. Para muitos trabalhadores, o FGTS é uma reserva financeira importante em momentos de dificuldade, e sua retirada deve ser feita com planejamento para evitar novos endividamentos.

Como será feito o pagamento?

O crédito dos valores ocorrerá em duas etapas na conta cadastrada no FGTS:

  • Primeira etapa: será liberado um valor de até R$ 3 mil da parcela depositada pelo empregador anterior.
  • Segunda etapa: caso o trabalhador tenha saldo superior a esse limite, o restante será liberado 110 dias após a publicação da MP.

Após essas duas fases, não haverá novas liberações. Ou seja, os trabalhadores que mantiverem a adesão ao saque-aniversário e forem demitidos futuramente não poderão acessar o saldo do FGTS, que permanecerá retido.


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