Depois de um adolescente de 16 anos, torcedor do Sport, ser brutalmente espancado por membros da principal torcida organizada do Santa Cruz, os pais do garoto demonstraram indignação e pediram justiça em entrevista à TV Jornal, nesta segunda-feira (9). Por questões de segurança, a família preferiu não ter os nomes revelados. O jovem foi agredido antes do Clássico das Multidões do último sábado (7), na Ilha do Retiro, pela Copa do Nordeste, e perdeu seis dentes.
“Estou revoltado, sem comer e sem nada na minha vida. É triste, isso não pode acontecer. O menino foi se divertir, foi assistir o jogo e os marginais fizeram isso com o meu filho. É a terceira vez que ele vai para o campo. Ele não é de torcida organizada, ele foi com um amigo dele para se divertir. Antes de ele ir, eu disse não vá meu filho'', comentou o pai do adolescente.
Espancado, o jovem teve a camisa do Sport arrancada do corpo e chutes, sendo a maioria na cabeça. Membros da Inferno Coral, principal torcida uniformizada do Santa Cruz, divulgaram um vídeo que viralizou na internet mostrando as agressões, com gritos de "Aqui é a Inferno". Em um outro vídeo, registrado por telespectadores, mostra o garoto sendo socorrido em uma cadeira de rodas.
A família revelou que o adolescente é estudante e não faz parte de torcida uniformizada. Ainda de acordo com os pais, o jovem estava com uma camisa do Sport seguindo para a Ilha do Retiro. Ele havia descido em Joana Bezerra e seguiu a pé para o estádio. Ao descer do viaduto da Avenida Agamenon Magalhães, se deparou com integrantes da Inferno Coral, quando tentou fugir em direção ao Hospital Português, mas foi pego.
A mãe do adolescente disse que o filho perdeu, ao todo, seis dentes, além de escoriações e hematomas no corpo e olhos inchados. “Atacaram ele no viaduto e fizeram aquela desgraça com o meu filho. Meu filho veio com os dentes completos e voltou faltando seis dentes. Ele é estudante. Fizeram isso para matar o meu filho, mas não conseguiram. Eu quero justiça”, afirmou.
- Poder público busca novas alternativas para conter violência entre torcidas organizadas
- Juizado do Torcedor pede cadastramento de organizadas para reduzir violência no futebol
- Presidente do Santa Cruz se coloca à disposição para combater violência entre torcidas organizadas
- Presidente da Torcida Jovem do Sport questiona autoridades: "por que o governo dá as costas?"
NOTA DA SDS
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informa que as polícias do Estado atuam de forma técnica e dentro da legalidade, buscando preservar a vida dos cidadãos, principal diretriz do Pacto pela Vida. Dessa forma, o Grupamento Tático Aéreo (GTA) atuou neste sábado (07/03) para dispersar uma briga entre torcedores do Santa Cruz e do Sport na Avenida Agamenon Magalhães e sobre a Ponte José de Barros Lima, que dá acesso ao bairro da Ilha Joana Bezerra. Por volta das 14h30, o GTA foi acionado pelo CIODS e utilizou artefatos não-letais de efeito moral (gás lacrimogêneo) para ajudar a conter torcedores que promoviam tumulto, contando também com a intervenção, em terra, de policiais militares do 12º Batalhão.
É importante reforçar que as forças de segurança pública de Pernambuco estavam preparadas para garantir a segurança no clássico, tendo lançado 497 policiais militares para realizar o policiamento na área interna, externa e principais vias de acesso ao estádio da Ilha do Retiro. O 12º BPM garantiu a presença de 385 policiais no acesso ao local da partida, inclusive com guarnições motorizadas nas áreas de estações de metrô e terminais integrados de passageiros, a fim de inibir a ação de vândalos. Dentro do estádio, atuaram 112 policiais do Batalhão de Choque. O Centro Integrado de Controle e Comando Regional (CICCR) monitorou toda a operação, com câmeras de videomonitoramento e contato direto com os policiais nas ruas e no campo.
Comentários