efeitos da pandemia

Por conta da pandemia, pernambucano interrompe sonho no futebol e improvisa como entregador de hambúrguer

Jonatas Rei seria contratado por um hotel de Porto de Galinhas, mas resolveu realizar o sonho no futebol profissional, em fevereiro

Gabriela Máxima
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Publicado em 22/05/2020 às 15:16 | Atualizado em 22/05/2020 às 21:51
CORTESIA
O sonho de Jonatas Rei é permanecer no futebol profissional - FOTO: CORTESIA

O pernambucano Jonatas Rei disputava o Campeonato Paraense pelo Paragominas quando foi surpreendido com a expansão do novo coronavírus e a urgência em voltar para casa, no Cabo de Santo Agostinho. Recém-contratado pelo clube do Pará, o jogador observou o sonho do futebol profissional ser interrompido temporariamente. Agora, ele passou a entregar hambúrgueres de bicicleta para sustentar a família.

No início do ano, Jonatas, que ficou um ano parado no futebol profissional, havia conseguido uma vaga para trabalhar como ajudante de garçom. Foi muito bem avaliado e recebeu encaminhamento para fazer uma entrevista e ser efetivado em um hotel em Porto de Galinhas, no litoral Sul de Pernambuco. "Fiz os exames. Estava tudo certo, mas recebi uma ligação no dia do meu aniversário (21 de fevereiro) para jogar no Paragominas", disse.

Ele não pensou duas vezes e foi viver o sonho no futebol. O contrato com o clube reuniu um pacote de cinco jogos, dos quais apenas três foram realizados. Depois disso, o campeonato foi paralisado e Jonatas teve que voltar para casa. "O clube deu o dinheiro para a gente voltar, mas não tinha mais dinheiro para pagar. A culpa não é do clube. Todos foram embora com a sensação de dever cumprido" disse.

Agora, o jogador improvisa entregando hambúrgueres no Cabo de Santo Agostinho. Recebe entre R$ 3,00 e R$ 5,00 por entrega dependendo da localização. Em média, ele faz oito viagens por dia, o que resulta em no máximo R$ 40,00 de faturamento com dos deliveries. Aos sábado, ele consegue ganhar mais porque o número de pedidos é maior. Além disso, Jonatas também deu entrada no auxílio emergencial, que foi aprovado há um mês, mas ele ainda não recebeu os R$ 600,00.  

Sonho no futebol e casa para a mãe

Natural de Olinda, Jonatas sonhava em se tornar profissional desde os 12 anos. Foi revelado nas categorias de base do América aos 17, idade que iniciou a carreira no profissional do Mequinha. Depois vestiu as camisas do Atlético-PE, Porto e Flamengo de Arcoverde. Em 2018, o meia-atacante ajudou o Petrolina na conquista da segunda divisão do Pernambucano. "Vencemos o campeonato invicto e depois fiquei um ano parado, fazendo bico e jogando várzea", disse. 

Passou 2019 longe dos gramados. "Eu fazia bicos e jogava várzea quando recebi a ajuda de um anjo que possibilitou o emprego como garçom no começo deste ano", disse. Jonatas não se arrepende da escolha que fez em voltar ao futebol.

Ele acredita que a pandemia vai passar e vai encontrar na chance para continuar vivendo seu sonho. "Eu creio muito em Deus. Isso vai acabar no tempo dele. Por enquanto, eu estou consciente e estou me virando. Vivendo um dia após o outro. Estou vulnerável, pegando em dinheiro, em contato com outras pessoas, mas está difícil para todo mundo. Minha bicicleta também quebrou e um amigo vai emprestar a dele para eu trabalhar. Quero voltar para o futebol e realizar também o sonho da casa própria da minha mãe (dona Joelma)", concluiu o jogador. 

 

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O sonho de Jonatas Rei é permanecer no futebol profissional - FOTO:CORTESIA

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