O REI E O TRIO DE FERRO

Gol mil de Pelé teria sido na Ilha do Retiro contra o Santa Cruz

Nem Maracanã, nem Vasco, nem Andrada. O milésimo gol de Pelé teria sido marcado uma semana antes na Ilha do Retiro, diante do Santa Cruz, em cima do goleiro Aloísio Linhares.

Leonardo Vasconcelos
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Publicado em 25/10/2020 às 1:01 | Atualizado em 25/10/2020 às 1:48
ACERVO ESTADÃO CONTEÚDO
Pelé é considerado por muitos o Rei do Futebol - FOTO: ACERVO ESTADÃO CONTEÚDO

Nem Maracanã, nem Vasco, nem Andrada. O milésimo gol de Pelé teria sido marcado uma semana antes na Ilha do Retiro, diante do Santa Cruz, em cima do goleiro Aloísio Linhares. Ficção? Realidade. Inclusive noticiada pelos jornais da época e atestada por um dos mais conceituados profissionais de imprensa do Brasil e que acompanhou a carreira do Rei desde os primeiros passos no Santos. Embora tenha entrado para a posteridade o gol mil, de pênalti, no maior palco do futebol mundial, no dia 19 de novembro de 1969, a tese aponta que foi na semana anterior, no dia 12, no estádio rubro-negro, de cabeça, que ele foi anotado, na goleada de 4x0 do Peixe.

A versão em questão era defendida, entre outros, pelo jornalista Thomaz Mazzoni, que faleceu em 1970. Ele era editor chefe da Gazeta Esportiva, um dos maiores jornais esportivos do Brasil da época, e se dedicava intensamente as estatísticas. Não por acaso foi ele que alertou na imprensa a proximidade do milésimo gol do craque ainda no começo daquele ano de 1969. Mazzoni tinha tanta segurança nos seus dados que no dia seguinte do jogo contra o Santa Cruz estampou a seguinte manchete: "Recife aplaude o 1.000 de Pelé".

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A divergência entre as estatísticas dele e a oficial de Adriano Neiva da Motta e Silva (conhecido como De Vaney), adotada por Pelé, está em três gols. O primeiro jornalista os considerou, o segundo não. Por isso a diferença nas contagens. Dos três gols da discórdia, ao menos dois foram identificados. Um foi marcado em um jogo-treino contra a seleção da Costa do Marfim, na África, com o Santos sem seu padrão oficial e Pelé atuando pela equipe local na hora do gol. O outro foi anotado em um clássico contra o Corinthians, no dia 19 de outubro de 1969, que foi interrompido pela chuva ainda no primeiro tempo e por isso a partida foi anulada depois. O terceiro gol divergente até hoje é uma incógnita. Todavia, como na citada partida no Recife, o Rei marcou dois gols (o segundo, por coincidência, de pênalti), ainda que não seja levado em conta o gol não identificado, o milésimo gol teria saído no Recife.

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Porém coube ao arqueiro do Vasco, Andrada, a (infeliz) fama de ter levado o milésimo gol, em vez do goleiro tricolor Aloísio Linhares, conhecido como o "Caravelle" (um portentoso avião), devido aos voos para fazer defesas. Infelizmente não foi no gramado da Ilha que o mundo ficou sabendo da façanha do primeiro jogador a atingir a marca de mil gols. Aqui não teve invasão de repórteres, nem choro e dedicatória às crianças. Não importa. Para os 34.123 torcedores presentes o gol 1.000 foi marcado diante dos seus olhos. E isso estatística oficial alguma pode mudar.

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