Os jogadores do Irã cantaram o hino nacional do país na partida contra o País de Gales, na manhã desta sexta-feira (25), no estádio Ahmad Bin Ali, no Catar.
Na estreia, contra a Inglaterra, eles ficaram em silêncio no momento do hino. Hoje, quando decidiram cantar, sofreram com vaias de parte da torcida presente.
Ter ficado em silêncio no primeiro jogo foi visto como uma posição favorável à revolução que ocorre no país. Parte da torcida feminina do Irã no estádio carrega mensagens como “Libertem o Irã” e “Vidas femininas importam”.
Mas nem todos vaiaram, uma parcela dos iranianos presentes se emocionou. Com a bola rolando, a torcida do Irã se uniu no apoio ao país e canta com força o nome da seleção.
O Irã vive a uma onda de protestos, milhares de pessoas estão nas ruas pelos direitos das mulheres no país. O estopim foi a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos.
Masha foi detida capital Teerã após violar as regras iranianas sobre o uso de hijab, o lenço tipicamente islâmico que cobre a cabeça das mulheres. A polícia afirma que ela sofreu um infarto e não resistiu, porém, há denúncias que Masha teria sido atingida propositalmente na cabeça por um cassetete.
Imagens da jovem desfalecendo na unidade policial foram divulgadas e revoltaram a população. A jovem ficou em coma, mas não resistiu.
As manifestações ganharam corpo e o que começou por uma demanda de justiça por Masha agora atinge novas exigências por mais liberdade. Existe, inclusive, grupos de cidadãos que querem a deposição do estado iraniano.
Taremi
O atacante da seleção do Irã Mehdi Taremi disse que a equipe não estava sob pressão após os jogadores se recusarem a cantar o hino na Copa do Mundo. A televisão estatal iraniana cortou a transmissão ao vivo da partida enquanto os jogadores faziam fila antes do jogo para o hino.
“Eu disse antes que não vou responder a tais perguntas, mas desta vez vou responder”, disse Taremi em uma coletiva de imprensa. “Não estamos sob pressão. Em um torneio de futebol, os jornalistas de futebol devem ser respeitados e tudo o que não tem nada a ver com futebol deve ser deixado de lado”, completou.