FUTEBOL AMERICANO

Morre O.J. Simpson, protagonista de caso de duplo assassinato

Simpson, que já foi uma figura pública adorada nos Estados Unidos, tornou-se um vilão sob suspeita de ter cometido o assassinato de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman

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AFP

Publicado em 11/04/2024 às 21:37
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O.J. Simpson, o ex-astro do futebol americano da NFL cuja absolvição em 1995 no chamado "julgamento do século" pelos assassinatos brutais de sua ex-esposa e de um amigo dela chocou o mundo, morreu aos 76 anos, anunciou sua família nesta quinta-feira (11).

"No dia 10 de abril, nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à batalha contra o câncer", escreveu sua família na rede social X.

"Ele estava cercado por seus filhos e netos. Durante esse período de transição, sua família pede que respeitem seus desejos de privacidade e graça", dizia a mensagem.

Simpson, que já foi uma figura pública adorada nos Estados Unidos, tornou-se um vilão sob suspeita de ter cometido o assassinato de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman em 1994 em um subúrbio de Los Angeles.

Milhões de pessoas acompanharam pela televisão a caçada policial para prender Simpson e o extraordinário julgamento que se seguiu, com advogados de alto nível e alegações de racismo.

Sua absolvição, em outubro de 1995, após um julgamento de nove meses, foi recebida com descrença por muitos americanos que acompanharam cada reviravolta dos argumentos sobre detalhes tão intrincados como se um par de luvas realmente cabia nas mãos do ex-atleta.

ATLETA DE ELITE

Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco. Seu pai abandonou a família quando ele tinha cinco anos de idade, deixando-o sob os cuidados da mãe em um lar muito pobre. Suas pernas foram deformadas por raquitismo devido à falta de vitaminas e cálcio.

Sem dinheiro para pagar uma operação, sua mãe o obrigou a usar aparelhos ortopédicos grosseiros e a calçar sapatos nos pés opostos para fortalecer as pernas.

O método funcionou tão bem que ele conseguia correr 100 jardas (91,4 m) em 9,9 segundos. Ele chegou à NFL, onde ganhou o Troféu Heisman em 1968 e, em 1973, o prêmio de Jogador Mais Valioso. Em 1985, ele foi incluído no Hall da Fama da NFL.

O.J. Simpson era considerado um ícone esportivo nos Estados Unidos e sua fama cresceu ainda mais quando ele entrou para o mundo do cinema e da publicidade, onde suas aparições fazendo propaganda de suco de laranja até aluguel de carros o tornaram um dos rostos mais conhecidos do país.

Seu trabalho com a Hertz, no qual ele aparecia correndo pelos aeroportos em um terno de três peças, tornou-se parte da cultura pop do país.

Todo esse sucesso chegou a um fim abrupto em 12 de junho de 1994, quando Brown Simpson, 35 anos, e Goldman, 25 anos, foram encontrados mortos a facadas do lado de fora de sua casa.

O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerado culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões (R$ 170 milhões na cotação atual) em indenizações, uma conta que ele nunca pagou.

Falando à NBC News por telefone, o pai de Ron Goldman disse que a morte de Simpson "não é uma grande perda para o mundo".

"Tudo o que tenho a dizer é que é mais um lembrete de que Ron não esteve por perto todos esses anos", disse Fred Goldman.

Simpson não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos esportivos. Ele passou nove anos na prisão e foi libertado em 2017.

FASCÍNIO PÚBLICO

Durante esse período, o fascínio por sua figura não diminuiu totalmente.

"O.J.: Made in America", um trabalho de quase oito horas sobre o julgamento de seu assassinato, ganhou o Oscar de melhor documentário em 2017.

E "The People v. O.J. Simpson: American Crime Story", uma minissérie de TV estrelada por Cuba Gooding Jr como o ex-astro, ganhou vários prêmios Emmy em 2016.

Em 9 de fevereiro deste ano, Simpson publicou um vídeo no X negando relatos de que estava recebendo cuidados paliativos.

Ao transmitir do banco do motorista de um carro, ele disse: "Você está falando de um centro de cuidados paliativos?!" "Não, não estou em nenhum centro", disse ele, rindo.

"Não sei quem colocou isso aí (...) Acho que é como Donald (Trump) diz: 'Não se pode confiar na mídia'." "De qualquer forma, estou recebendo um grupo de amigos para o Super Bowl aqui em Las Vegas. Está tudo indo bem. Então, pessoal, cuidem-se e tenham um bom Super Bowl."

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