A última semana foi atípica e movimentada para Edno Melo. O presidente do Náutico recebeu uma proposta para se candidatar a vereador pelo partido Cidadania e teria que deixar o futebol caso resolvesse aceitar. A decisão não foi fácil, mas com um ano e meio de mandato ainda pela frente, optou pela continuidade no time alvirrubro, com o objetivo de concluir o projeto traçado antes de ser eleito pela primeira vez, há quase três anos. Em entrevista ao repórter Antônio Gabriel, da Rádio Jornal, Edno comentou sobre os bastidores da proposta, futuro no Náutico e o legado que pretende deixar no clube, além de outros assuntos.
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PROPOSTA
Eu fiquei muito lisonjeado com o convite. Eu nunca tive a pretensão de ser político e eu jamais faria tudo para ser, eu acho que tem que ser a consequência de um trabalho e tem que existir um projeto e uma carreira traçada para que se construa algo.Minha cabeça hoje está no Náutico, eu quero terminar o meu mandato, quero deixar um legado no clube, tenho muito coisa ainda para fazer no Náutico, quero terminar de implementar tudo que a gente começou, acho que não seria justo com o grupo que está trabalhando comigo eu sair do projeto e deixar eles sozinhos.
DECISÃO
A decisão não foi fácil. Não vou dizer que simplesmente neguei, porque eu vi a proposta como um projeto e não uma simples aventura na vida política por trás de um mandato, se fosse eu teria negado de imediato. Mas pelos meus princípios, pela minha maneira de conduzir as coisas, de começar e terminar, então declinei por conta disso. Pedi algumas opiniões que foram levadas em consideração, alguns familiares, amigos próximos e amigos do Náutico. Vários disseram para eu aceitar a oportunidade e outros disseram que não era a hora, ponderei e eu decidi não aceitar.
LEGADO
O legado que a gestão de Edno está deixando para o clube é mostrar que vale a pena ser honesto, vale a pena ser austero, a gente tem um resultado de dois títulos, acesso, volta aos Aflitos, diminuição do passivo, salários em dia tudo isso com uma receita muito baixa. O resgate do orgulho do alvirrubro, de vestir a camisa de novo, então isso é muito bom, isso já é o legado que a gente está deixando. Esse um ano e meio que eu tenho ainda de gestão é somente para cravar isso e as gestões futuras tenham essa premissa e a torcida cobre e entenda que não se faz futebol de todo jeito.
FAMÍLIA
No início foi complicado. No começo da gestão foi um momento muito estressante na minha vida familiar, porque as pessoas não estavam acostumadas a não me ter no dia a dia. E passaram a perceber que estavam me perdendo um pouco, mas aos poucos foram entendendo que eu tinha que estar a frente do projeto no Náutico para que tudo desse certo. Com a vinda dos resultados tudo se torna mais fácil, porque é quando se mostra que vale a pena o sacrifício naquele momento para depois colher os frutos. Mas não foi fácil, tanto para mim quanto para a minha família toda.
AFLITOS
Voltar para os Aflitos foi um sonho para mim. E eu lembro bem quando eu disse que ia voltar ainda em campanha e muita gente me chamou de louco, disse que era uma temeridade eu falar uma besteira dessa. E eu disse que se fosse eleito presidente a minha prioridade era que o Náutico voltasse a jogar nos Aflitos. É claro que sozinho não ia conseguir fazer isso nunca, mas só em querer já se viabiliza o projeto da volta e assim foi feito. Tiveram momentos tensos que eu questionei se ia dar certo, adiamento de datas, então aquele dia da reinauguração me marcou muito, acho que foi até mais forte do que um título, não vou esquecer nunca.
DIÓGENES BRAGA
Eu já era amigo de Diógenes e passei a conviver com ele diariamente. Convivo com ele muito mais até do que com muita gente da minha família, então a gente estreitou ainda mais o laço de amizade. O torcedor do Náutico não imagina o quanto Diógenes faz para o clube, não tem ideia de quanto ele é importante nesse momento para o Náutico. Na hora que eu apresentei o projeto ele prontamente aceitou, disse que confiava muito em mim e isso nos dá tranquilidade, saber que ele está junto com aquilo que pensamos e queremos fazer para o clube. E um dos pilares dessa gestão é justamente essa alinhamento. É uma amizade que o Náutico me deu e eu fico muito feliz pela parceria
EMPRESA
Antes de entrar no Náutico eu me preparei para me ausentar um período da minha empresa. Então eu consigo fazer o que tenho que fazer em um expediente e no outro me dedicar ao Náutico. É claro que as demandas do Náutico entra pela noite, pelos finais de semana, mas por a minha empresa já ter 27 anos a gente consegue administrar os processos fazendo algumas reuniões por videoconferência. Então nesse ponto eu realmente me organizei e deixei uma coisa estruturada para que não atrapalhasse, até porque é onde eu tiro o meu sustento e eu jamais colocaria ela em risco.
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