Futebol e o novo coronavírus

Diretor do Sport vê retorno do futebol brasileiro ainda distante

Para Fred Domingos, a comparação feita entre a situação do Brasil com a da Alemanha para que o esporte retorne "foge muito da realidade"

Klisman Gama
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Klisman Gama
Publicado em 20/05/2020 às 7:29
ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM
VAZIA Seguindo protoloco de segurança contra a covid-19, arquibancadas da Ilha do Retiro ficarão sem a festa das torcidas de Sport e Santa Cruz no Clássico das Multidões - FOTO: ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM

O futebol retornou na Alemanha no último sábado (16). Entre as grandes ligas do mundo, é a primeira a iniciar suas competições após a pausa causada pelo novo coronavírus. Esta volta tem levado muitos a comparar com a situação do Brasil. Porém, são realidades diferentes, como ressalta o diretor de futebol do Sport, Fred Domingos. Segundo ele, esse paralelo entre a nossa situação e a dos alemães “foge muito da realidade”.

“Na minha opinião, a gente fazer determinadas comparações com outros países foge muito da realidade. Digo isso porque os clubes dos países da Europa, especialmente da Alemanha, são clubes ricos, com orçamentos anuais de milhões e milhões de euros. A situação socioeconômica dos países europeus, é completamente diferente da nossa realidade. A pobreza aqui é muito maior do que na Alemanha”, comentou o dirigente em entrevista à Rádio Jornal.

 

Os dados da pandemia do novo coronavírus nos dois países acabam dando razão à cautela do diretor rubro-negro. Uma das situações que credenciou o país europeu a retornar com o esporte é o alto número de testes realizados por lá. Proporcionalmente, uma a cada 27 pessoas passam pelo exame. Aqui no Brasil, uma a cada 288. Além de que, na Alemanha, 91% dos casos notificados foram curados. No nosso país, este número ainda está em torno dos 37%. Dados colhidos no site Worldometers, referência na contagem do avanço da covid-19 no mundo. Ou seja, ainda há muito para se chegar no patamar alemão.

Para se chegar no nível atual, a Alemanha teve a curva de contágio achatada e segue diminuindo. Daí em diante, ela adotou diversos protocolos de saúde para a realização de testes nos jogadores e comissão técnica, além dos cuidados relativos ao distanciamento. Isso também é proporcionado pelo grande aporte financeiro que os grandes times alemães têm, diferentemente da situação do futebol brasileiro.

“Lá, os clubes cumpriram todas as determinações dos órgãos de saúde. Eles estão fazendo testes diários, reiniciaram as competições obedecendo um critério extremamente rigoroso de controle. E isso dificilmente vai acontecer no Brasil. Primeiro, porque os clubes brasileiros não têm as condições financeiras dos clubes europeus. E por conta dessa situação financeira, nós não temos condições de realizarmos testes em todas as pessoas que estão envolvidas no futebol, já que não só os atletas. Existe uma estrutura de funcionários por trás desses atletas que dão todo o suporte para eles”, acrescentou Fred Domingos.

Para quem se mantinha otimista quanto a esta volta no Brasil, o dirigente leonino jogou um balde de água fria. Na opinião dele, na melhor das hipóteses, os treinos voltariam apenas na segunda quinzena de junho. “Eu não vejo, sinceramente, uma perspectiva a curto prazo para a volta dos treinamentos e, consequentemente, das competições. Se houver um achamento da curva de contaminação, talvez na segunda quinzena de junho possa se dar início, gradativamente, se cercando de todas as condições sanitárias possíveis”, encerrou.

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