Se em 2020 o mundo se vê assolado pela Covid-19, na segunda metade do século XIX era o cólera que desafiava a comunidade médica. Em meio a paupérrimas condições sanitárias, a epidemia se alastrava pelos continentes e aportou no Brasil trazida pelas embarcações europeias, fazendo muitas vítimas. Segundo o Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, estatísticas da época registraram mais de 200 mil mortes em todo o país. Na então província de Pernambuco, foram, ao menos, 37.500 vidas ceifadas pela doença, que colocava em risco os avanços da efervescente sociedade de 1855. Naquele ano, a força e influência da comunidade portuguesa no Recife mudou a perspectiva do combate à enfermidade. Presidente do Gabinete Português de Leitura, o médico José de Almeida Soares Lima Bastos reuniu doações e instalou, em 16 de setembro, o Hospital Português de Beneficência Provisório, no bairro da Boa Vista. Ali, doentes de qualquer nacionalidade ou raça seriam tratados e, muitos deles (65%), curados. Era o início de uma história de sucesso, pautada pela dedicação, estudo e vanguardismo de uma Instituição que, hoje, chamamos de Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco (RHP).
O sucesso do tratamento do cólera foi tão grande que, em pouco tempo, o Hospital deixou o caráter provisório para se firmar em definitivo como referência na prevenção e tratamento de diversas doenças. Em 1857, na mudança para um terreno maior, às margens do Rio Capibaribe, onde hoje é o bairro do Paissandu, levou conceitos modernos da medicina. Já naquela época, tinha a assepsia como conceito fundamental e nunca deixou de inovar. Nestes 165 anos, foi o responsável por grandes marcos, como quando promoveu, em 1976, o primeiro transplante renal do Norte e Nordeste com o doador vivo ou, mais recentemente, em 2015, ao realizar o primeiro transplante de coração em paciente com HIV no Brasil.
"O Real Hospital Português permanece com o mesmo objetivo da sua fundação: atender da melhor maneira a todos que nos procuram, com um carinho especial pelo povo pernambucano e brasileiro. Ao longo desta trajetória de 165 anos foram muitos avanços, investimentos na valorização profissional e num parque tecnológico de ponta", afirma o Provedor, Alberto Ferreira da Costa. "Hoje, somos o mais completo centro de excelência médica do Norte e Nordeste do Brasil, sendo o de maior complexidade e o mais bem equipado dessas regiões. São destaques nossa atuação em cirurgia cardíaca, robótica, oncologia, diagnóstico por imagem e radiologia intervencionista", elenca.
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Entre os compromissos do ontem e do hoje, a atenção aos mais necessitados se mantém. "Nos orgulha o trabalho realizado no Ambulatório de Beneficência Maria Fernanda, que oferece atendimento de qualidade à população menos assistida. Em 2019, atendemos, gratuitamente, uma média de 7 mil pessoas por mês", destaca o Provedor.
O pioneirismo também é uma das marcas da Instituição. "A busca por novas tecnologias é constante, sem abandonar a humanização no cuidado prestado aos pacientes", diz o Vice-Provedor, Joaquim Amorim, lembrando alguns momentos importantes. "Desde a década de 1970, somos pioneiros em procedimentos como transplantes renal e de coração e – mais recentemente – a primeira radiocirurgia na América do Sul utilizando o acelerador linear TrueBeam, com os sistemas HyperArc e OSMS. Também pioneira é a chegada da Angio-CT 4D, a primeira desse tipo da América Latina. A moderna tecnologia permite rapidez, precisão, segurança e eficácia nos procedimentos e será utilizada no tratamento minimamente invasivo em oncologia, vascular e neurologia", explica.
Com mais de 5.600 colaboradores, o hospital cresce diante dos desafios, como é o caso da pandemia do novo Coronavírus. "Devemos ressaltar que o Hospital participou de modo decisivo na linha de frente, desde os primeiros casos da doença surgidos em Pernambuco. Com planejamento e muito trabalho conseguimos ser referência também nesse momento, garantindo um tratamento de saúde seguro", analisa o Vice-Provedor, Alberto Ferreira da Costa Junior. "Faço aqui um reconhecimento a todos os colaboradores dessa Instituição, que não deixaram de treinar, se aprimorar e se dedicar ao cuidado de nossos pacientes. Tudo isso reforça a excelência do Real Hospital Português e mostra que não deixamos se perderem nossos valores, estando sempre com o pensamento no futuro". É com esse compromisso que a Instituição continuará se dedicando a sua principal missão: cuidar de vidas.
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O RHP ao longo do tempo
1855 É fundado o Real Hospital Português – em caráter emergencial, pela epidemia do cólera – por Dr. José de Almeida Soares Lima Bastos, então presidente do Gabinete Português de Leitura.
1857 O antigo Sítio do Cajueiro passa a abrigar o Hospital, propriedade conhecida pelos bons ares.
1907 O rei Dom Carlos I confere o título de “Real” ao então Hospital Português de Beneficência de Pernambuco.
1949 a 1963 Construção de novos pavilhões.
1976 O Hospital realiza o primeiro transplante renal do Norte/Nordeste, com doador vivo.
1984 É implantado o Ambulatório de Beneficência Maria Fernanda, especialmente para a população menos assistida. Em 2006, ganha novas instalações, ampliando o número de atendimentos.
1998 Iniciado um novo tipo de crescimento, a verticalização, com a inauguração do Edifício Egas Moniz.
2007 Ampliação do parque tecnológico, com a chegada da mais moderna ressonância magnética.
2008 Inauguradas as novas instalações do RHP Boa Viagem.
2011 Fundação do Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Ferreira da Costa.
2015 Realização do primeiro transplante de coração em paciente HIV positivo no Brasil.
2018 Inauguração da Escola de Saúde do Real Hospital Português.
2019 Iniciado o Programa de Robótica com o Da Vinci Xi HD, o mais moderno do Brasil.
2019 O Real Hospital Português recebe a reacreditação da Joint Commission International (JCI).
2020 Aquisição da Angio-CT 4D, única na América Latina.
RHP em números
5.600 colaboradores atuando nos mais de 130 mil metros quadrados de área construída do RHP
2 mil médicos cadastrados
850 leitos ativos
2.500 internamentos realizados a cada mês
1.700 cirurgias por mês, realizadas nas 28 salas cirúrgicas
15 mil atendimentos mensais realizados nas emergências
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