PANDEMIA

Nova cepa se expande, enquanto América Latina ultrapassa 500 mil mortes por covid-19

Até as 18h50 desta terça-feira (29) foram registradas 500.818 mortes na América Latina e no Caribe, segundo recontagem realizada pela AFP

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Publicado em 29/12/2020 às 23:47 | Atualizado em 30/12/2020 às 0:00
Itamar Crispim/Fiocruz
ANÁLISE Descoberta da subvariante no Estado foi possível a partir do sequenciamento genético feito pelo Instituto Aggeu Magalhães - FOTO: Itamar Crispim/Fiocruz

A nova e preocupante variante do coronavírus descoberta no Reino Unido foi detectada pela primeira vez nos Estados Unidos e na América Latina, região que ultrapassou as 500 mil mortes causadas pela pandemia nesta terça-feira.

De acordo com a recontagem realizada pela AFP com base em relatórios oficiais, até as 21h50 GMT (18h50 de Brasília) desta terça-feira (29) a América Latina e o Caribe somavam 500.818 mortes por coronavírus, a segunda região mais atingida do mundo pela pandemia, atrás da Europa, que acumula 559.334 falecimentos.

A variante descoberta no Reino Unido levou o país a um novo recorde diário de casos de coronavírus nesta terça-feira e a África do Sul a impor uma série de medidas, em meio a temores no mundo todo de que as festividades de fim de ano provoquem novos surtos de infecções.

A agência de saúde da União Europeia (UE), ECDC, alertou que há um alto risco de que as variantes recém-descobertas da covid-19 possam causar ainda mais mortes e aumentar a pressão sobre os cuidados de saúde devido a uma "maior transmissibilidade".

O estado do Colorado registrou o que acredita-se ser o primeiro caso da nova variante nos Estados Unidos, o país mais atingido do mundo pela pandemia.

O governador do estado, Jared Polis, revelou que um homem de 20 anos residente do condado de Elbert, perto de Denver, estava infectado com a variante conhecida como B.1.1.7 e encontra-se isolado.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, após receber um relatório de especialistas sobre a pandemia, alertou que a situação poderá piorar "até março".

"As próximas semanas e meses serão muito difíceis, um período muito difícil para nossa nação, talvez o mais difícil durante toda essa pandemia", declarou o democrata.

As hospitalizações por covid-19 voltaram a seu ponto mais alto nos Estados Unidos e estavam em mais de 121.000 na segunda-feira.

Em Los Angeles, ambulâncias esperaram o dia todo para poder entregar pacientes com covid. Mas de 95% dos hospitais se viram obrigados a desviar para outros estabelecimentos novos casos por falta de leitos.

Biden classificou a vacinação em massa como "o maior desafio operacional que os Estados Unidos enfrentaram como nação", e prometeu uma melhora quando tomar posse, em 20 de janeiro.

"O plano ... está atrasado, muito atrasado", disse Biden em um discurso no qual prometeu "mover céu, mar e terra para ir na direção certa".

O governo Trump planejou vacinar 20 milhões de americanos antes do final do mês. No entanto, após três dias, apenas 2,1 milhões receberam a primeira dose, de acordo com dados oficiais.

No Twitter, Trump defendeu sua gestão afirmando que o governo federal ajudou a desenvolver rapidamente a vacina, mas que sua distribuição dependia de cada estado.

Biden renovou a promessa de administrar 100 milhões de doses de vacina em seus primeiros 100 dias na presidência.

Enquanto profissionais da saúde esperam desesperadamente para serem vacinados, os políticos têm estado entre os primeiros a receber o imunizante como forma de dar o exemplo à população.

A vice-presidente eleita, Kamala Harris, tomou a primeira dose da vacina nesta terça-feira diante das câmeras em Washington.

À medida que as teorias da conspiração se espalharam pela internet, uma nova pesquisa da Ipsos Global Advisor mostrou que apenas quatro em cada dez pessoas na França querem ser vacinadas, um número que é apenas um pouco maior na Rússia e na África do Sul.

Recorde de casos no Reino Unido 

O governo britânico está sob pressão para intensificar as restrições, com 53.135 novas infecções anunciadas em 24 horas, um recorde.

Samantha Batt-Rawden, especialista em terapia intensiva e presidente da Associação Médica, disse que as equipes médicas estão em "ponto de colapso" e "adoecem em massa com a nova variante", tuitou.

Na África do Sul, mais de 300 casos de uma nova variante foram registrados, levando o país a uma série de novas medidas nesta terça-feira. O governo proibiu a venda de álcool e tornou obrigatório o uso de máscaras em público, depois de se tornar o primeiro país africano a registrar um milhão de casos.

"Baixamos a guarda e, infelizmente, agora estamos pagando o preço", disse o presidente Cyril Ramaphosa, culpando a nova cepa e uma "extrema falta de vigilância durante o período de férias" pelo aumento das infecções.

Nova cepa no Chile 

Governos em todo o mundo correm para iniciar campanhas de vacinação para tentar evitar o tipo de bloqueio prejudicial à economia estabelecido no início da pandemia há pouco menos de um ano.

O Chile se tornou o primeiro país latino-americano na terça-feira a detectar a nova cepa inicialmente encontrada no Reino Unido, em uma mulher que voltou ao país de Madri depois de viajar também para a Grã-Bretanha e Dubai.

As autoridades sanitárias responderam anunciando que, a partir de 31 de dezembro, todos os que chegarem ao Chile deverão passar 10 dias em quarentena.

Os Emirados Árabes Unidos também anunciaram que detectaram a nova cepa em "pessoas do exterior".

A Índia, segundo país em número de casos no mundo, também registrou infecções pela nova cepa, mas não alterou suas diretrizes quanto à pandemia.

Argentina e Belarus lançaram suas campanhas nesta terça-feira, ambas com doses da Sputnik V desenvolvidas pela Rússia.

Já México, Costa Rica e Chile estão aplicando a vacina do laboratório da Pfizer desde a semana passada.

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