GUERRA

Rússia: explosão de carro mata filha do "cérebro" de Putin. Ucrânia nega ataque

Daria Duguina dirigia o carro do pai na hora da explosão. Investigadores acreditam que crime foi planejado

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Katarina Moraes

Publicado em 21/08/2022 às 15:08
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Da Estadão Conteúdo e AFP
A filha de Alexander Dugin, um ideólogo russo próximo a Vladimir Putin, morreu nesse sábado (20) quando o carro que dirigia explodiu. O Comitê de Investigação da Rússia apura o incidente, que descreveu como um "ataque ordenado pré-planejado".
No momento da explosão, Daria Duguina, jornalista e cientista política e defensora da ofensiva russa na Ucrânia, circulava perto da cidade de Bolshie Viaziomy, a cerca de 40 km de Moscou.
Ela dirigia um Toyota Land Cruiser. De acordo com os investigadores, a explosão foi causada por um explosivo colocado no veículo, indicando que "o crime foi planejado".
Pessoas próximas à família acreditam que o alvo do ataque foi o pai dela, Alexander Duguin, já que, segundo explicaram, Daria Duguina pegou o carro dele de última hora.
Ela estava em uma lista de cidadãos russos sancionados no Reino Unido desde julho por supostamente espalhar "desinformação sobre a Ucrânia" na internet.
Até agora, ninguém assumiu a autoria do ataque.
O líder da República Popular de Donetsk (DNR), autoproclamado por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, acusou as forças ucranianas do assassinato de Daria Duguina neste domingo.

"Terroristas do regime ucraniano tentaram liquidar Alexander Dugin, mas mataram sua filha", disse Pushilin em sua conta no Telegram.

Da mesma forma, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, María Zakharova, escreveu no Telegram que "se o rastro ucraniano for confirmado (...) e isso deve ser verificado pelas autoridades competentes, estaremos falando de terrorismo de Estado pelo governo de Kiev".

Quem é Alexander Duguin, pai de Daria Duguina

Alexander Duguin, intelectual e escritor ultranacionalista de 60 anos, teórico do neo-eurasianismo, defende a unificação dos territórios de língua russa e apoiou totalmente a operação militar lançada por Moscou na Ucrânia em fevereiro.
Nos últimos anos, a Ucrânia baniu vários de seus livros. Ele está sujeito a sanções da União Europeia desde 2014, após a anexação russa da Crimeia.

Ucrânia nega responsabilidade

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez um alerta sobre uma possível escalada nos ataques da Rússia à Ucrânia após a morte de Daria. O país negou a responsabilidade no atentado.
"A Ucrânia não tem conexão com a explosão de ontem porque não somos um Estado criminoso como a Rússia", disse o conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, em entrevista. "Devemos estar conscientes do fato de que esta semana a Rússia pode tentar fazer algo particularmente desagradável", afirmou o presidente ucraniano em seu discurso diário, em vídeo.
Zelensky não deu detalhes sobre o que acredita que Moscou possa planejar, mas chamou atenção para a chance de novos ataques coincidirem com o Dia da Independência da Ucrânia, na próxima quarta-feira (24). Nenhuma celebração oficial é esperada durante o aniversário deste ano.
As tensões entre os países aumentaram em meio a supostos ataques ucranianos à infraestrutura militar na península da Crimeia, controlada pela Rússia. Embora a Ucrânia não tenha assumido oficialmente a responsabilidade pela contra-ofensiva, autoridades ucranianas confirmaram ao Wall Street Journal que Kiev estava por trás dos incidentes. Fonte: Dow Jones Newswires.

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