Rússia ataca infraestrutura de energia e depósito de combustíveis na Ucrânia

A Rússia intensificou os bombardeios contra a rede de energia elétrica ucraniana há mais de uma semana e destruiu um terço das infraestruturas do setor
Ana Maria Miranda
Publicado em 23/10/2022 às 15:41
Funcionários fazem limpeza em área atacada pela Rússia em Mykolaiv, Ucrânia Foto: BULENT KILIC / AFP


Da AFP

Os ucranianos continuam enfrentando grandes cortes de energia elétrica devido aos bombardeios contra as infraestruturas do país por parte das tropas russas, que neste domingo anunciaram a destruição de um depósito de combustíveis da Força Aérea de Kiev.

A operadora nacional ucraniana Ukrenergo efetuou neste domingo uma série de cortes de energia em Kiev para "estabilizar" o abastecimento, informou a empresa privada de energia elétrica DTEK.

As interrupções que afetam vários bairros da capital ucraniana de forma alternativa, não deveriam durar mais de quatro horas, segundo a DTEK, mas a empresa não descartou a possibilidade de cortes prolongados "de acordo com magnitude dos danos" provocados pelos ataques de Moscou.

O governo ucraniano anunciou no sábado que mais de um milhão de casas estavam sem energia elétrica no país.

A Rússia intensificou os bombardeios contra a rede de energia elétrica ucraniana há mais de uma semana e destruiu um terço das infraestruturas do setor, a poucas semanas do início do inverno.

As autoridades de Kiev pediram aos cidadãos e às empresas que reduzam o consumo.

Os bombardeios destruíram neste domingo um depósito com quase 100.000 toneladas de combustíveis destinados à Força Aéreas ucraniana na localidade de Smela, na região de Cherkasy (centro), anunciou o ministério russo da Defesa em um comunicado.

Os russos também atacaram vários depósitos de munição e um depósito com diesel para veículos militares.

No âmbito do diálogo internacional, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoimu, conversou por telefone com o ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, o ministro da Turquia, Hulusi Akar, e, fato incomum, com o ministro do Reino Unido, Ben Wallace, para falar sobre o conflito na Ucrânia, anunciou o exército russo.

Durante a ligação com Lecornu, o ministro russo alertou que a situação na Ucrânia "tende a uma escalada maior e fora de controle", segundo um comunicado.

Shoigu expressou preocupação aos colegas com "as possíveis provocações da Ucrânia com o uso de uma 'bomba suja'".

Lecornu recordou que a "França rejeita qualquer forma de escalada, especialmente a nuclear."

Na sexta-feira, Shoigu falou por telefone com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.

A Rússia enfrenta atualmente uma grande contraofensiva da Ucrânia. Moscou denunciou o "aumento considerável" dos ataques ucranianos contra várias regiões russas na fronteira, incluindo Belgorod, Kursk e Briansk.

Duas linhas de defesa foram construídas em Kursk para enfrentar um possível ataque das forças ucranianas, anunciou neste domingo o governador da região, Roman Starovoit.

"Estamos preparados para enfrentar qualquer ataque ao nosso território", disse.

O governador da região russa de Belgorod, também na fronteira com a Ucrânia, anunciou no sábado o início da construção de uma linha de defesa.

No sábado, duas pessoas morreram nos ataques ucranianos contra infraestruturas civis na região de Belgorod e quase 15.000 moradores ficaram sem energia elétrica em suas casas por várias horas, afirmaram as autoridades locais.

As autoridades pró-Rússia da região de Kherson (sul da Ucrânia), anexada por Moscou, pediram no sábado que os civis abandonem "imediatamente" a capital regional diante do avanço das tropas de Kiev.

Desde quarta-feira, as autoridades designadas por Moscou organizam operações de retirada para a margem esquerda do rio Dniepr, no limite de Kherson.

Uma pessoa morreu neste domingo nesta cidade na explosão de uma bomba de fabricação caseira, anunciaram as autoridades pró-Rússia.

Kherson foi a primeira grande cidade ucraniana tomada pelos russos no início de sua ofensiva, que começou em 24 de fevereiro.

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