EUA

Biden na defensiva após descoberta de documentos confidenciais

Desafio de Joe Biden, que pretende concorrer à reeleição em 2024, é evitar que seu caso seja comparado ao de Donald Trump, que já anunciou sua candidatura

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 12/01/2023 às 22:50
SAMUEL CORUM / GETTY IMAGES VIA AFP
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos - FOTO: SAMUEL CORUM / GETTY IMAGES VIA AFP

Da AFP

Foi um "erro", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre os documentos confidenciais encontrados em sua residência particular e em um antigo escritório, caso que será investigado por um procurador especial.

O secretário de Justiça do EUA, Merrick Garland, que já delegou as investigações sobre o ex-presidente republicano Donald Trump a um procurador independente, agora atribuiu a missão a Robert Hur, um ex-procurador que cuidou tanto de casos de gangues e narcotráfico quanto de corrupção e fraude.

O desafio de Joe Biden, que pretende concorrer à reeleição em 2024, é evitar que seu caso seja comparado ao de seu antecessor, que já anunciou sua candidatura.

A Casa Branca insiste que o presidente democrata colabora ativamente com a justiça, ao contrário de Trump, que é suspeito de esconder voluntariamente parte dos arquivos.

"Estamos tentando fazer isso cumprindo as regras", disse a porta-voz da Casa Brnaca, Karine Jean-Pierre, durante uma coletiva de imprensa particularmente animada.

Um assessor da Casa Branca convidado em cima da hora para falar sobre questões internacionais teve que abreviar seu discurso a pedido de um jornalista, porque toda a imprensa estava impaciente para tratar do assunto dos documentos.

Jean-Pierre garantiu que Joe Biden agiu com a maior "transparência", mas esquivou-se muitas vezes do assunto em nome da independência da justiça.

"Confiamos em que uma revisão exaustiva mostrará que estes documentos foram levados por descuido e o presidente e seus advogados agiram rapidamente ao descobrirem este erro", disse o advogado da Casa Branca, Richard Sauber, em comunicado.

Na segunda-feira, Biden já tinha admitido que uma dezena de documentos confidenciais havia sido encontrada no Penn Biden Center, grupo de especialistas em Washington onde ele teve um escritório.

"A busca terminou", declarou Karine Jean-Pierre.

A porta-voz, porém, não explicou por que o Executivo americano denunciou imediatamente os documentos encontrados em sua residência de Wilmington, no estado de Delaware, mas esperou dois meses, e até que fossem publicados na imprensa, para falar sobre os encontrados no Penn Biden Center, em Washington.

Questionado nesta quinta-feira, o presidente ficou na defensiva.

"Documentos confidenciais foram encontrados ao lado do seu Corvette, quem os encontrou?", perguntou um jornalista do canal conservador Fox News.

O presidente respondeu que falaria "em breve, se Deus quiser", sobre o assunto. "Além disso, meu Corvette está em uma garagem fechada. (...) Não é como se estivesse na rua", acrescentou o democrata de 80 anos, referindo-se ao seu carro favorito, um conversível verde garrafa dos anos 1960.

Nos Estados Unidos, uma lei de 1978 obriga os presidentes e vices a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.

Quando deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021, o ex-presidente Trump levou caixas com documentos. Quando lhe pediram que os devolvesse, entregou 15 em janeiro de 2022.

Mas a polícia federal considerou que provavelmente havia mais em sua luxuosa residência de Mar-a-Lago, na Flórida.

Agentes do FBI revistaram o local em 8 de janeiro por "retenção de documentos confidenciais" e "obstrução de uma investigação federal" e confiscaram outras trinta caixas aproximadamente.

Foi iniciada, então, uma batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos (Confidenciais? Pessoais? Publicados?), o que retardou o processo.

Mas Trump, que anunciou que disputará as eleições presidenciais de 2024, continua sob ameaça de acusação federal.

Garland nomeou um procurador especial para supervisionar a investigação e outras sobre o papel de Trump na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

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