Da AFP
"Que saída propõem diante da crise no Peru?", perguntou nesta quarta-feira (25) a presidenta Dina Boluarte perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), insistindo que a "única possível" é a realização de "eleições livres".
"Não vou me render a grupos autoritários que querem impor saídas que não fazem parte de nosso ordenamento constitucional nem da tradição democrática", afirmou Boluarte ao Conselho Permanente da OEA, em uma intervenção virtual.
No Peru, os protestos para pedir sua renúncia continuam. As manifestações, que já deixaram ao menos 46 mortos, começaram após a destituição e prisão do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo em 7 de dezembro, quando tentou dissolver o Parlamento, controlado pela direita, que estava preste a tirá-lo do poder por suposta corrupção.
O continente americano condenou sem meias palavras a tentativa de ruptura da ordem constitucional, mas alguns países, como Argentina, Brasil, Colômbia, Chile e Bolívia, criticam a reação das autoridades contra os protestos, algo que Lima considera ingerência.
Tecer sua história
Declarações que doeram para a presidenta peruana, que alternou entre elogios aos princípios da OEA e a defesa da independência de seu país, que "tem direito de tecer sua própria história".
"Escutei com atenção as intervenções de meus colegas na Celac, agradeço as demonstrações de preocupação e solidariedade (...), mas quero também perguntar a alguns de meus colegas: que saída propõem diante da crise no Peru? A saída da violência ou a saída da paz e democracia?", questionou Boluarte.
"Pedi ao Congresso que aprove o mais rápido possível o adiantamento das eleições e espero sinceramente que os países amigos da região apoiem a única saída possível para a crise que é pacífica, constitucional e consistente com a tradição da OEA e da região", disse.
Para ela, a crise política "pode seguir a rota da violência, da morte e da destruição, ou pode ser resolvida na paz, no diálogo e na democracia da maneira que a OEA e nossa região sempre favoreceram por meio de eleições livres".
Boluarte, que na terça-feira propôs uma trégua nacional, até agora sem sucesso, estendeu a mão aos povos indígenas, que se consideram marginalizados e fazem parte dos grupos que foram às ruas.
Seu governo, afirmou ela, "dói-se" pela "irreparável perda de vidas que não pode ficar impune". A Justiça segue seu curso e vai apurar as responsabilidades e determinar se houve excessos no uso da força, prometeu.
Mas também lembrou a destruição: "os bloqueios e atos de violência geraram perdas de mais de dois milhões de soles (500 mil dólares) no país, sem contar os danos à infraestrutura, que chegam a aproximadamente 3 bilhões" (774 milhões de dólares).