A Guarda Costeira dos EUA corre contra o tempo para resgatar o minissubmarino Titan, que levava cinco pessoas para ver os destroços do Titanic quando desapareceu no Oceano Atlântico, no domingo. O submersível tem oxigênio suficiente até as primeiras horas desta quarta.
O minissubmarino perdeu contato 1 hora e 45 minutos após o mergulho. "Sabemos que restam cerca de 40 horas de ar respirável com base no relatório inicial", disse o capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira, no começo da tarde de ontem.
A expedição turística deveria durar oito dias. Propriedade da empresa OceanGate, especialista em mergulho em águas profundas, o minissubmarino é considerado "mais leve e mais econômico do que qualquer outro submersível".
Construído com fibra de carbono e titânio, o Titan pesa 10,4 toneladas, tem capacidade de carga útil de 685 quilos e 6,7 metros de comprimento. Ele pode alcançar uma velocidade de 5,5 quilômetros por hora (o equivalente a 3 nós, o sistema de medição de velocidade utilizado em barcos), sendo movido por quatro propulsores elétricos.
O veículo ainda conta com oxigênio para até 96 horas com uma tripulação de cinco pessoas, o que deixa curto o tempo restante para resgate dos desaparecidos. O Titan, no entanto, depende de informações vindas da superfície para se guiar, já que não tem GPS.
Foi justamente uma pane no sistema de comunicação com o navio de apoio que deixou o minissubmarino desaparecido por duas horas e meia durante uma expedição parecida, no ano passado. "Sem GPS, o navio de superfície deve guiar o submersível até o naufrágio enviando mensagens de texto", disse David Pogue, jornalista da CBS que estava na embarcação perdida em 2022.
Projetado para levar até cinco pessoas, o minissubmarino é capaz de navegar a uma profundidade de até 4 mil metros. O espaço interno, no entanto, era tão curto que apenas um tripulante era capaz de esticar as pernas. No caso do submersível que desapareceu, o objetivo era localizar os destroços do Titanic, que estão a 3,8 mil metros de profundidade. Cada passageiro teria desembolsado US$ 250 mil pela viagem (cerca de R$ 1,2 milhão).
Mesmo que o Titan possa ser localizado, autoridades americanas temem que recuperá-lo não será fácil. Isso ocorre, em parte, porque mesmo os melhores mergulhadores não conseguem ir com segurança mais do que algumas centenas de metros abaixo da superfície.
Para recuperar objetos do fundo do mar, a Marinha dos EUA usa um veículo operado remotamente que pode atingir profundidades de até 6 quilômetros. No entanto, os navios que transportam esse veículo, normalmente, não se movem mais rápido do que 30 quilômetros por hora, e os destroços do Titanic estão a 600 quilômetros da cosa de Newfoundland, no Canadá.
Desde as primeiras horas da segunda-feira, a Guarda Costeira dos EUA, com ajuda da Marinha e de equipes de resgate canadenses buscam o submersível no mar e pelo mar. De acordo com Jamie Frederick, da Guarda Costeira americana, as buscas já cobriram 7,6 mil milhas quadradas (quase 20 mil quilômetros quadrados) de uma área remota do Oceano Atlântico, mas ainda "não produziu nenhum resultado".
Nesta terça, autoridades militares dos EUA disseram que as buscas estavam se expandindo para debaixo d’água, usando sonares e outros equipamentos de alta tecnologia. As operações de superfície também seriam intensificadas e não seriam interrompidas à noite.
Entre os cinco passageiros estão o bilionário britânico Hamish Harding, de 58 anos, Paul-Henry Nargeolet, capitão francês do submersível, que já comandou 35 expedições aos destroços do Titanic, Stockton Rush, diretor da OceanGate, e o empresário paquistanês Shahzada Dawoode, de 48 anos, e seu filho, Suleman, de 19.
Em seu site, a OceanGate diz que a expedição do Titanic serve para "conduzir pesquisas científicas e tecnológicas do naufrágio", registrando as condições do acidente com fotos, vídeos e documentando a flora e a fauna que habitam o local onde estão os destroços.
O presidente dos EUA, Joe Biden, está "acompanhando de perto a operação de resgate" do submersível desaparecido, segundo o porta-voz da Casa Branca, John Kirby. "Todos nós, incluindo o presidente, estamos torcendo pela tripulação a bordo", disse Kirby.
De acordo com a emissora britânica Sky News, o rei Charles também pediu para receber atualizações regulares sobre a situação no Atlântico. O rei está orando pela família Dawood e todos os envolvidos na tentativa de operação de resgate, disse uma fonte do Palácio de Buckingham.
O presidente francês, Emmanuel Macron, ordenou o envio do navio de pesquisa Atalante para se juntar à busca internacional pelo minissubmarino. Segundo comunicado do governo francês, a embarcação deve chegar ao local hoje à noite.
Representantes da indústria de embarcações submersíveis estavam muito preocupados com o que chamavam de abordagem "experimental" da OceanGate. Em uma carta datada de 2018, à qual o New York Times teve acesso, eles alertaram para possíveis problemas "catastróficos" com o minissubmarino e suas expedições até os destroços do Titanic.
A carta, assinada por mais de 30 especialistas, foi enviada ao chefe da OceanGate, Stockton Rush, que está na embarcação desaparecida. "Nossa preocupação é com a estratégia de construir um submersível de expedição em alto-mar sem seguir as diretrizes de segurança de classificação existentes", diz a mensagem. (Com agências internacionais)