O presidenciável argentino Javier Milei disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuou contra a sua candidatura e chamou o petista de "comunista furioso". O Estadão revelou que o presidente agiu em prol da liberação de crédito para a Argentina, o que favorece o rival de Milei, Sergio Massa, que é ministro da Economia do atual governo
A coluna da jornalista Vera Rosa foi compartilhada pelo candidato à Presidência da Argentina nas redes sociais nesta terça-feira, 3. "Treme casta vermelha. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança. Viva a liberdade c...", escreveu Milei.
Ele também compartilhou publicações de apoiadores sobre o caso. Uma delas diz: "o presidente comunista do Brasil, Lula, que fundou com Fidel Castro o Foro de São Paulo, está agindo para que um banco brasileiro empreste milhões de dólares ao governo argentino, para evitar que Milei ganhe as eleições. Lula financiou Maduro (Venezuela), CFK (Cristina Kirchner, Argentina), Petro (Colômbia), entre outros".
No final de agosto, Lula pediu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, que votasse para o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) conceder um empréstimo de R$ 1 bilhão à Argentina. A ministra é a governadora do Brasil na instituição.
Esse empréstimo era uma ponte para que a Argentina conseguisse outro, de R$ 7,5 bilhões, com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Endividado, o país estava sem lastro para conseguir mais crédito com o CAF - por isso a intervenção de Lula.
Amigo pessoal de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Milei defende a dolarização do País, a saída do Mercosul, o fim do Banco Central e a redução do número de ministérios.
No último debate presidencial, Milei negou os 30 mil desaparecidos durante a ditadura argentina. "Não foram 30 mil desaparecidos, são 8.753. Somos contra uma visão de apenas um lado da história", disse o candidato.
As últimas pesquisas eleitorais têm mostrado uma diferença pequena de intenções de voto entre o candidato libertário e o governista. No dia 29 de setembro, última sexta-feira, Massa tinha 30,7% das intenções de voto contra 27,9% de Milei - quadro que torna o segundo turno muito provável.
A possibilidade de o candidato de ultradireita se eleger assombra o Planalto, porque uma eventual vitória de Milei pode reabrir uma oposição no Mercosul, bloco econômico cuja existência entraria em risco.