O mundo assistiu, nesse final de semana, ao início de mais um conflito no Oriente Médio, após o o grupo islamista palestino Hamas abrir fogo contra Israel. Nesta segunda-feira (9), terceiro dia do combate que já teve mais de 1.300 mortos — sendo 800 em Israel, 493 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia — o especialista em geopolítica João Correia afirmou à Rádio Jornal que ainda deve haver desdobramentos.
Para Correia, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, concentrou-se em bombardear a Faixa de Gaza por meio de ataque aéreo para preparar uma incursão terrestre. “Acredito que até quarta pela manhã eles entram em Gaza e vão pegar terra arrasada”, afirmou. Estima-se que o Hamas mantém cerca de 150 israelitas como reféns no território, onde moram cerca de 1,7 milhão de pessoas, a maioria sendo refugiados palestinos.
Israel foi surpreendido pelo Hamas no último sábado (7), que disparou milhares de foguetes e infiltrou combatentes em solo israelense, dando início à sexta guerra entre palestinos e Jihad Islâmica desde 2008. “O que aconteceu nesse final de semana foi algo inédito. Atacaram e obtiveram sucesso em um primeiro momento contra a única democracia da região”, avaliou o professor.
Até então, “o sistema de defesa de Israel era considerado invencível”, segundo o especialista. Ele opina que o país, contudo, “esqueceu um pouco a Faixa de Gaza”, acreditando que o Hamas não queria mais guerras, o que abriu espaço para o ataque.
Para Correia, "Israel chegou a um ponto de inflexão que, ou acaba com toda a infraestrutura do Hamas e faz uma transição com autoridade nacional palestina envolvendo grupo mais moderado, ou vai abrir um precedente muito forte."
Ele também frisou que o Estado judeu comete excessos contra os palestinos, mas que "a causa palestina não é a causa do Hamas". "O Hamas age por interesses pessoais, com a religião como cortina de fumaça. A ideia é o poder pelo poder”, explicou.
IRÃ E EUA PODEM ENTRAR NO CONFLITO
Com o início da guerra, o Irã, maior inimigo de Israel, parabenizou os "guerreiros palestinos". Yahya Rahim Safavi, conselheiro do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, declarou que o regime “vai estar ao lado dos combatentes palestinos até a liberação da Palestina e de Jerusalém”, segundo a agência de notícias Reuters.
Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou apoio "inabalável" ao primeiro-ministro israelense. "Deixei claro ao primeiro-ministro Netanyahu que nós estamos prontos para oferecer meios de apoio apropriados ao governo e ao povo de Israel. Terrorismo nunca é justificável. Israel tem o direito de se defender e o seu povo. Os EUA alertam contra qualquer outra parte hostil à Israel buscando tirar vantagem da situação”, disse, em comunicado.
João Correia opinou que Israel não precisa dos EUA para derrotar o Hamas. Contudo, não tem estrutura para uma guerra prolongada em três frentes, Norte, Sul e contra o Irã, caso o país entre no conflito. Mas, segundo ele, o país árabe não teria força contra os EUA.
“Se os americanos entram, fica difícil para o Irã, porque eles vão com carga total”, afirmou. "Americanos foram rápidos e cirúrgicos, mandando os principais porta-aviões para o mediterrâneo oriental. Um deles tem 5 mil militares preparados para o que der e vier."