GUERRA

Ajuda humanitária deve entrar em Gaza neste sábado (21), afirma ONU

Dezenas de caminhões aguardam há vários dias na fronteira com o Egito, perto da passagem de Rafah

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AFP

Publicado em 20/10/2023 às 10:18 | Atualizado em 20/10/2023 às 10:19
Situação em Gaza se agrava em meio ao conflito entre Israel e Hamas - Mahmud HAMS / AFP

A ONU afirmou nesta sexta-feira (20) que os caminhões com ajuda humanitária entrarão, como prazo mais rápido, no sábado na Faixa de Gaza, onde a população palestina aguarda desesperada a chegada de produtos básicos sob os intensos bombardeios de represália de Israel, após o ataque de 7 de outubro do movimento islamista Hamas.

A ajuda humanitária internacional deve começar "amanhã (sábado) ou depois" a entrar no território palestino, onde vivem 2,4 milhões de pessoas, afirmou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

"Nós estamos em negociações profundas e avançadas com todas as partes relevantes para garantir que uma operação de ajuda em Gaza comece o mais rápido possível", afirmou Griffiths.

Dezenas de caminhões aguardam há vários dias na fronteira com o Egito, perto da passagem de Rafah, o único ponto de entrada para a Faixa de Gaza que não é controlado por Israel.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou nesta sexta-feira o local para preparar a chegada da ajuda ao enclave palestino. Na quinta-feira, durante uma visita ao Cairo, ele pediu um "acesso humanitário rápido e sem obstáculos", assim como um "cessar-fogo humanitário imediato".

Os blocos de concreto instalados pelos egípcios na passagem de fronteira desde o início dos bombardeios israelenses em Gaza foram retirados, informou uma fonte das forças de segurança egípcias à AFP.

O canal egípcio AlQahera News, próximo aos serviços inteligência do país, informou na quinta-feira à noite que a passagem de Rafah seria aberta sexta-feira.

"Uma gota de água"

O grupo islamista palestino Hamas executou em 7 de outubro um ataque sem precedentes contra Israel, que desencadeou a guerra.

Mais de 1.400 pessoas morreram no território israelense, a maioria civis baleados, queimados vivos ou mutilados no ataque do Hamas, segundo as autoridades israelenses. Além disso, 203 pessoas foram sequestradas.

O Exército israelense afirmou nesta sexta-feira que a maioria dos reféns "está viva". "Dos mais de 200 reféns que se encontram atualmente detidos na Faixa de Gaza, mais de 20 são menores de idade, entre 10 a 20 têm mais de 60 anos, e a maioria deles está viva", afirmaram os militares na nota.

Do lado palestino, 4.137 pessoas morreram na Faixa de Gaza, incluindo mais de 1.500 crianças, nos bombardeios de represália de Israel, informou o Ministério da Saúde do Hamas em um balanço atualizado.

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Bairros inteiros foram destruídos e estão sem água, energia elétrica e alimentos. Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas desde o cerco imposto por Israel na Faixa de Gaza, já bloqueada por terra, mar e ar desde 2007, quando o Hamas tomou o poder.

"Precisamos de acesso sem restrições e entregar nossa ajuda vital de forma segura. O tempo é curto", afirmou o Unicef na rede social X.

Após uma visita a Israel na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um acordo com o homólogo do Egito, Abdel Fatah al Sisi, para permitir a entrada de um primeiro comboio de até 20 caminhões.

O acordo é uma "gota de água no oceano das necessidades", afirmou o diretor para situações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan. "Seriam necessários 2.000 caminhões".

Ameaça de ofensiva terrestre

Israel continua concentrando tropas ao redor de Gaza para uma ofensiva terrestre, que será a resposta ao ataque mais violento em seu território desde a fundação do país em 1948.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou as tropas na linha de frente, perto de Gaza, onde pediu que vençam "com toda a força necessária". "Agora vocês observam Gaza de longe, em breve a verão por dentro", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, às tropas na quinta-feira.

Foguetes também foram lançados a partir do território palestino contra Israel, segundo os correspondentes da AFP. O alto comissário da ONU para os refugiados afirmou que a situação é muito preocupante em Gaza. "Qualquer nova escalada ou mesmo continuação das atividades militares será simplesmente catastrófica para o povo de Gaza", disse Filippo Grandi.

Ele também afirmou que as consequências de uma propagação do conflito para o Líbano e outras áreas da região seriam "incalculáveis". O Hamas denunciou na quinta-feira que um ataque israelense provocou mortos e feridos na igreja ortodoxa grega de São Porfírio em Gaza.

As forças israelenses afirmaram que uma parede do templo foi danificada por um ataque de sua aviação contra um centro de comando do movimento islamista e indicaram que o incidente está sendo analisado.

O grupo palestino acusou Israel na terça-feira de bombardear o hospital Ahli Arab em Gaza, o que teria provocado 475 mortes. O governo israelense nega e afirma ter evidências da responsabilidade da Jihad Islâmica, outro movimento palestino.

O balanço do ataque também não é claro: um relatório da inteligência americana, ao qual AFP teve acesso, afirma que está "na parte inferior do espectro de 100 a 300" pessoas mortas.

A tensão também é elevada na Cisjordânia, o outro território palestino ocupado por Israel, onde pelo menos 81 pessoas morreram desde o início do conflito, e na fronteira com o Líbano, cenário de ataques entre as tropas israelenses, o grupo Hezbollah e milícias palestinas.

Diante dos incidentes com combatentes do Hezbollah ao longo da fronteira, Israel ordenou nesta sexta-feira a evacuação da cidade de Kiryat Shmona.

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