EUA

Republicanos encerram crise e elegem aliado de Trump líder da Câmara

A escolha é crucial, porque sem um presidente a Câmara dos Deputados não funciona

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Estadão Conteúdo

Publicado em 25/10/2023 às 21:36
A escolha dos republicanos coloca um ultraconservador no segundo posto na linha de sucessão à presidência - SAMUEL CORUM/GETTY IMAGES VIA AFP

Os republicanos encerraram nesta quarta, 25, três semanas de impasse e elegeram o ultraconservador Mike Johnson presidente da Câmara de Deputados dos EUA, superando graves divisões internas. No plenário, Johnson teve 220 votos - ante 209 do candidato democrata Hakeem Jeffries.

A escolha é crucial, porque sem um presidente a Câmara dos Deputados não funciona. A paralisação dos trabalhos ocorreu em um momento crucial, em que os congressistas precisam aprovar um orçamento para o próximo ano fiscal e um pacote de ajuda proposto pelo presidente, Joe Biden, para financiar as guerras em Israel e na Ucrânia.

A crise começou justamente por causa do orçamento. Sem conseguir os votos de todos os republicanos, o deputado Kevin McCarthy, que presidia a Câmara, buscou apoio dos democratas para manter o governo funcionando temporariamente por 45 dias. O gesto de conciliação foi a gota d'água para que a facção mais radical do partido puxasse o tapete do seu próprio líder, no início de outubro.

Desde então, os republicanos escolheram quatro candidatos, mas nenhum conseguiu apoio para obter os 217 votos necessários para se eleger presidente da Câmara. A dificuldade é um reflexo da maioria apertada - 221 a 212, com duas cadeiras vagas -, que permite que a defecção de poucos deputados travem a pauta legislativa.

A escolha dos republicanos coloca um ultraconservador no segundo posto na linha de sucessão à presidência - atrás apenas da vice, Kamala Harris. Johnson é um advogado de 51 anos que se opõe ao direito ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, que desempenhou um papel importante nos esforços para anular as eleições de 2020.

Em comunicado após ser eleito, Johnson atribuiu o impasse à diversidade de opiniões dentro da Câmara dos Deputados. "Ela é tão complicada e diversa quanto as pessoas que representamos", disse. "Mas restauraremos a confiança e promoveremos uma agenda conservadora, combatendo as políticas do governo Biden e apoiando nossos aliados internacionais."

A primeira medida de Johnson será uma resolução de apoio a Israel e condenação do Hamas pelos ataques terroristas do dia 7 de outubro. O deputado é conhecido pela forte ligação que tem com a extrema direita religiosa israelense, que faz parte da coalizão do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

A ligação de Johnson com Israel deve facilitar a aprovação, nos próximos dias, do pacote de ajuda de US$ 14,3 bilhões para Israel. Os US$ 61 bilhões para a Ucrânia, no entanto, ainda são uma incógnita, já que muitos republicanos são contra.

O maior desafio de Johnson, porém, será aprovar um orçamento definitivo para o próximo ano fiscal. Republicanos e democratas têm até o dia 17 de novembro para fechar um acordo. A facção mais radical dos trumpistas quer cortar programas sociais e levar adiante as audiências de impeachment de Biden. Um grupo de republicanos moderados, no entanto, teme embarcar na agenda extremista e perder a reeleição no ano que vem.

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