APROXIMAÇÃO

Biden e Xi se preparam para uma cúpula com muito em jogo

Encontro entre os presidentes dos EUA e da China visa diminuir as turbulências bilaterais e evitar que a rivalidade entre as duas potências mundiais resulte em um conflito

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AFP

Publicado em 15/11/2023 às 12:49
Joe Biden e Xi Jinping se reúnem, nesta quarta-feira (15), em San Francisco, nos Estados Unidos - Frederic J. BROWN / AFP

Os presidentes Joe Biden (EUA) e Xi Jinping (China) se reúnem, nesta quarta-feira (15), pela primeira vez em um ano em San Francisco, em um encontro, com o qual pretendem diminuir as turbulências bilaterais e evitar que a rivalidade entre as duas potências mundiais resulte em um conflito.

A conversa, que ocorrerá à margem da cúpula anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), é uma tentativa de reduzir as tensões em temas como Taiwan, sanções e comércio.

Uma aproximação entre Pequim e Washington também poderia beneficiar conflitos armados - como o entre Israel e o Hamas -, nos quais cada país apoia uma das partes opostas.

Às vésperas do encontro, Biden fez questão de destacar que os Estados Unidos não estão tentando "se separar da China", mas sim "mudar a relação para melhor". Ele disse querer "voltar a um ritmo normal de correspondência, podendo pegar o telefone e conversar em caso de crise".

O governo chinês informou que Xi e Biden discutirão "paz mundial e desenvolvimento", acrescentando que o país não tem "medo da concorrência".

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Os dois líderes se encontraram pessoalmente pela última vez em Bali, em novembro de 2022, e as relações esfriaram depois que os Estados Unidos derrubaram um suposto balão espião de origem chinesa em fevereiro.

O incidente ocorreu em meio a uma longa luta pelo domínio global entre ambos os países.

"Esta é uma relação complexa, competitiva, que pode facilmente degenerar para um conflito, ou confronto, se não for administrada de forma adequada", disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Nos últimos meses, Pequim e Washington se envolveram em contatos de diplomacia de alto nível, o que levou ao anúncio, menos de uma semana antes da cúpula, da visita de Xi.

A reunião, marcada para as 18h45 GMT (15h45 em Brasília), foi cuidadosamente coreografada para evitar mal-entendidos e acontecerá sob estritas medidas de segurança em um local não divulgado.

"A mesa está posta, depois de várias semanas, para o que esperamos que seja uma conversa muito produtiva, sincera e construtiva", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, aos repórteres que viajavam com Biden a bordo do Air Force One para San Francisco na terça-feira (14).

Possível agenda

As autoridades norte-americanas têm sido, porém, cautelosas quanto à possibilidades de grandes anúncios após a reunião.

O resultado formal mais provável é o restabelecimento da linha direta entre os militares de ambos os países, cortada por Pequim após a visita da então presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, a Taiwan em 2022.

Espera-se que Biden faça uma advertência à China para não interferir nas eleições que acontecerão dentro de dois meses em Taiwan, a autoproclamada democracia sobre a qual Pequim reivindica soberania e que não descarta tomar à força.

Especula-se que também esteja em cima da mesa um acordo para limitar o uso de Inteligência Artificial em sistemas de armas nucleares. Outra pauta de discussão seria uma possível cooperação para limitar as exportações chinesas de ingredientes para o fentanil, um opioide sintético que causou um elevado número de mortes em cidades americanas, como San Francisco, local da reunião.

A cúpula da Apec, que reúne os líderes das 21 economias do bloco do Pacífico, prosseguirá até sexta-feira (17).

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