O Exército de Israel lançou ontem panfletos alertando os civis para fugirem de partes do sul da Faixa de Gaza, segundo moradores do enclave, sinalizando uma possível expansão da ofensiva em áreas para onde milhares buscaram refúgio após os bombardeios no norte.
O aumento das operações no sul - onde Israel já faz ataques aéreos diários - ameaça agravar a situação. Milhares de palestinos foram deslocados, com a maioria fugindo para o sul, onde alimentos, água e eletricidade são cada vez mais escassos. Não está claro para onde agora eles poderiam seguir, já que o Egito se recusa a aceitar uma transferência em massa de palestinos para o seu território.
Os panfletos, distribuídos em áreas da cidade de Khan Younis, alertavam os civis para se retirarem e diziam que qualquer pessoa nas proximidades de locais usados pelo Hamas estaria colocando sua vida em perigo.
Dois repórteres que vivem na região confirmaram ter visto os panfletos. Outros compartilharam imagens dos folhetos nas redes sociais. Os militares israelenses não comentaram. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que a operação terrestre deveria passar a incluir tanto o sul como o norte da Faixa de Gaza.
OPERAÇÕES SEGUIDAS
Ontem, pelo segundo dia seguido, soldados israelenses passaram um pente fino no Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. Eles exibiram cerca de 10 armas que dizem ter sido encontradas escondidas em um prédio do complexo, mas não divulgaram mais provas da existência de um centro de comando do Hamas que, segundo Israel, estaria escondido sob o local. Autoridades palestinas e a equipe do hospital negam as acusações.
A guerra, que entrou na sexta semana, foi desencadeada por um ataque terrorista do Hamas no sul de Israel, no dia 7 de outubro, que deixou mais de 1,2 mil mortos, a maioria civis, mulheres e crianças. Estima-se que 240 pessoas foram sequestradas e são mantidas no enclave palestino.
Israel respondeu com bombardeios aéreos e uma ofensiva terrestre do norte de Gaza, prometendo acabar com o grupo terrorista e destruir suas capacidades militares. Desde então, mais de 11,2 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. Outros 2,7 mil estão desaparecidos, provavelmente presos em escombros. A contagem oficial não diferencia civis palestinos de terroristas.
PROVAS DE ISRAEL
Depois de cercar o Hospital Al-Shifa por dias, Israel enfrenta agora uma pressão internacional para provar sua acusação de que o grupo usou pacientes, funcionários e civis como escudos humanos.
Os militares israelenses divulgaram um vídeo de dentro do hospital mostrando três mochilas que disseram ter encontrado escondidas em um laboratório de ressonância magnética, cada uma contendo um fuzil de assalto, granadas e uniformes do Hamas, bem como um armário com fuzis sem pentes de munição.
Agências de notícia e veículos de imprensa não conseguiram verificar de forma independente as alegações de que as armas foram encontradas dentro do hospital em Gaza.