CONFRONTO

Guiana pede ajuda dos EUA para se defender e Venezuela se diz ameaçada

Em comunicado, o governo venezuelano disse que a presença militar americana na área reivindicada representa uma "ameaça"

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Estadão Conteúdo

Publicado em 06/12/2023 às 22:20
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reivindica o território de Essequibo, rico em petróleo, que pertence à Guiana - MARCELO GARCIA / Venezuelan Presidency / AFP

A Venezuela reagiu nesta quarta-feira (6) às declarações do presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, que na noite de terça-feira (5), pediu ajuda dos EUA para se defender das tentativas do regime chavista de anexar a região do Essequibo. Em comunicado, o governo venezuelano disse que a presença militar americana na área reivindicada representa uma "ameaça".

"Agindo sob o mandato da transnacional americana ExxonMobil, a Guiana está abrindo a possibilidade de estabelecer bases militares de uma potência imperial, ameaçando a zona de paz delineada na região", afirmou a Venezuela.

Ameaças

"Seguindo a doutrina da diplomacia bolivariana pela paz, pedimos à Guiana que abandone o comportamento errático, ameaçador, arriscado e siga o caminho do diálogo direto, como manda o Acordo de Genebra" - tratado de 1966, entre Venezuela e Reino Unido, que reabriu a questão da soberania sobre o Essequibo.

Desde o plebiscito de domingo, 3, quando os venezuelanos votaram maciçamente em favor da anexação, o presidente guianense tem feito uma série de afirmações sobre a defesa da região. "Estamos nos preparando para o pior cenário, com os nossos aliados, para reforçar nossa posição em defender o Essequibo", disse Irfan Ali.

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Na terça-feira, em pronunciamento ao país, ele disse ter acionado o Conselho de Segurança da ONU e tido conversas com EUA, Brasil e França, para obter garantias de defesa. Para Irfan Ali, a Venezuela age fora da lei ao desrespeitar a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que decidiu em favor da Guiana. "Nossas Forças Armadas estão em alerta máximo. A Venezuela declarou-se fora da lei."

Avanço

As tensões aumentam desde domingo. Na terça-feira, Maduro mandou criar o Estado de Guiana Essequiba, nomeou o general Alexis Rodríguez Cabello como autoridade única do território e ordenou à estatal PDVSA que distribua licenças para exploração de petróleo na região. Um novo mapa do país, com a área anexada, também foi exibido por ele.

A Guiana, uma nação de apenas 800 mil habitantes, busca agora apoio da comunidade internacional para manter a soberania sobre o território, que corresponde a 70% da superfície do país. Nos dias 27 e 28 de novembro, militares americanos e guianenses se reuniram para "discutir os próximos compromissos, planejamento estratégico e processos para melhorar a prontidão militar e as capacidades para responder a ameaças à segurança", de acordo com nota da embaixada americana em Georgetown.

Em 2015, a Guiana concedeu à americana ExxonMobil o direito de explorar petróleo no Essequibo. A petroleira já descobriu 11 bilhões de barris em reservas recuperáveis, tornando o país de longe o maior produtor per capita do mundo. Americanos e guianenses têm um acordo de cooperação militar, e a presença de gigantes do petróleo no Essequibo aumenta as esperanças de ajuda em caso de invasão.

Ontem, a Casa Branca afirmou esperar que a disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana seja resolvida pacificamente. "Obviamente, não queremos que ocorra violência ou conflito", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby. "É preocupante, mas estamos acompanhando muito de perto em contato com todos os nossos aliados."

Canais abertos

Ontem, os chanceleres de Venezuela, Yván Gil, e da Guiana, Hugh Todd, conversaram por telefone, a primeira conversa entre eles desde o plebiscito. Na ligação, feita por Todd, os dois lados concordaram em manter os "canais de comunicação abertos".

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