O Conselho de Segurança da ONU debaterá nesta sexta-feira(8) em caráter de "urgência" a controvérsia entre Venezuela e Guiana por Essequibo, território rico em petróleo que disputam há mais de um século e que preocupa a comunidade internacional.
A reunião ocorre a pedido de Guiana a portas fechadas às 15h locais (17h em Brasília) para abordar o conflito, segundo a agência oficial. Tanto Caracas como Georgetown se acusam mutuamente de incorrer em "provocações" em meio à disputa.
A tensão se intensificou depois que a Venezuela celebrou em 3 de dezembro um referendo consultivo no qual mais de 95% dos participantes aprovaram a criação de uma província venezuelana em Essequibo, um território que representa 2/3 da Guiana, e dar nacionalidade venezuelana aos 125.000 habitantes da zona em disputa.
Eleições
Após a consulta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que busca a reeleição em 2024, anunciou a concessão de licenças para extrair petróleo em Essequibo.
Para analistas, o referendo e a retórica vinculada à Essequibo são uma tentativa de desviar a atenção para o chamado às eleições livres na Venezuela no ano que vem.
"Reforça a intenção do governo de antecipar a estratégia de dividir a oposição, porque essa seria a única forma de ter uma boa chance de ganhar a eleição presidencial em 2024", disse Mariano de Alba, do International Crisis Group.
Força militar
A descoberta, em 2015, de importantes reservas de petróleo em águas em disputa, pela americana ExxonMobil, agravou a controvérsia, que teve seu auge na quinta-feira após o anúncio de exercício militares aéreos dos Estados Unidos na Guiana.
O Brasil reforçou esta semana sua presença militar em suas fronteira com Guiana e Venezuela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou na quinta-feira uma advertência. "Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra, nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito", disse Lula.
Em uma declaração conjunta emitida na quinta-feira na cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru instaram Guiana e Venezuela ao diálogo e a busca por uma solução pacífica.