BOMBARDEIOS

Guerra se intensifica em Gaza e ofusca véspera de Natal em Belém

As operações militares israelenses contra o Hamas se intensificaram, neste domingo (24), na Faixa de Gaza

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AFP

Publicado em 24/12/2023 às 18:22 | Atualizado em 24/12/2023 às 19:51
As operações militares israelenses contra o Hamas ofuscou a noite de Natal em Belém, localizada na Cisjordânia ocupada, no território palestino - HAZEM BADER / AFP

As operações militares israelenses contra o Hamas se intensificaram neste domingo (24) na Faixa de Gaza, em uma espiral de violência no território palestino que ofuscou a noite de Natal em Belém, localizada na Cisjordânia ocupada.

Os bombardeios continuaram sem descanso ao longo do sitiado e estreito território. A fumaça subia sobre Khan Yunis (sul) e uma explosão potente, registrada pela AFP a partir do sul de Israel, abalou o centro da Faixa.

"A guerra será longa", advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após prestar homenagem aos 153 soldados mortos desde o início da ofensiva terrestre em Gaza em 27 de outubro. O exército anunciou pouco depois a morte de outro soldado.

"Estamos pagando um preço alto pela guerra, mas não há outra opção a não ser continuar lutando", acrescentou o líder nacionalista diante dos membros de seu governo.

O conflito foi desencadeado em 7 de outubro após uma incursão de combatentes islamistas que mataram cerca de 1.140 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados israelenses. Eles também sequestraram cerca de 240 pessoas, das quais 129 ainda estão em cativeiro em Gaza.

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Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva terrestre e aérea contra o território palestino de cerca de 2,4 milhões de habitantes, governado pelo Hamas desde 2007.

De acordo com o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, a ofensiva israelense já custou a vida de 20.424 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças.

Nosso povo está morrendo

A algumas horas da noite de Natal, a tristeza predominava em Belém, a cidade onde Jesus nasceu segundo a tradição cristã, localizada na Cisjordânia, uma região ocupada por Israel desde 1967.

Os cristãos palestinos - cerca de 50 mil, dos quais cerca de mil vivem em Gaza - estão com a atenção voltada para a guerra, e a prefeitura de Belém cancelou grande parte das celebrações.

"É difícil celebrar algo em um momento em que nosso povo está morrendo", disse à AFP Nicole Najjar, estudante de 18 anos entrevistada em uma Praça da Manjedoura deserta.

O patriarca de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, afirmou ao chegar a Belém que "a mensagem de Natal não é a violência, mas a paz". "Queremos paz, principalmente para os palestinos que a esperam há tempo demais", declarou.

Onde está a vitória?

A situação humanitária na Faixa de Gaza, completamente sitiada por Israel desde 9 de outubro, é catastrófica. A maioria dos hospitais está fora de serviço e a população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar, segundo a ONU.

Em Rafah, cidade do sul na fronteira com o Egito, alguns palestinos choravam por seus familiares mortos.

"Onde está a vitória de que falam? Nada foi feito além de matar civis", lamentou Um Amir Abu al Awf, ferido na mão e na perna por um bombardeio em sua casa em Tel al Sultan, a oeste de Rafah.

Os Estados Unidos continuam expressando forte apoio a seu aliado histórico, Israel, embora insista cada vez mais para que diminua a intensidade de sua ofensiva diante das mortes de civis.

Os mediadores egípcios e cataris tentam negociar uma nova trégua, após um acordo no final de novembro permitir a suspensão dos combates por uma semana e a libertação de 105 reféns retidos em Gaza em troca de 240 palestinos presos em Israel.

De acordo com uma fonte da Jihad Islâmica, o líder deste grupo palestino aliado ao Hamas chegou ao Cairo com uma delegação para discutir sobre "a agressão sionista" e a "troca de prisioneiros".

No norte de Gaza, o Exército israelense anunciou que descobriu "um depósito de armas adjacente a escolas, uma mesquita e um centro médico", que continha "cintos explosivos adaptados para crianças, dezenas de granadas de morteiro, centenas de granadas e material de inteligência".

Em troca de um pouco de comida

Cerca de 80% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelos combates, segundo a ONU.

Apesar da resolução aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, que solicitava que Israel autorizasse o envio "imediato, seguro e sem obstáculos" de ajuda vital a Gaza "em grande escala", não houve um aumento significativo nas entregas.

Diante da insistência de Washington, a resolução não incluiu o termo "cessar-fogo", limitando-se a defender "a criação de condições para um cessar duradouro das hostilidades".

"Para que a ajuda chegue a quem precisa, para que os reféns sejam libertados, para evitar novos deslocamentos e, acima de tudo, para pôr fim à devastadora perda de vidas humanas, a única saída é um cessar-fogo humanitário ", declarou neste domingo o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.

Em Rafah, onde centenas de milhares de deslocados se refugiam em campos improvisados, a população luta para obter as insuficientes porções de alimentos.

A resolução da ONU "reforça a decisão de Israel de matar mais civis e prolongar a guerra contra este povo em troca de um pouco de comida", criticou Rami al Jalut, um habitante do norte de Gaza deslocado para Rafah.

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